sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Torcendo contra a seleção de Dunga

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Por SÉRGIO MALBERGIER*

Folha Online

O futebol brasileiro, paixão nacional, fracassou, e seu fracasso é das maiores provas de um problema muito maior, o fracasso do país.
Temos os melhores jogadores, um público ávido e uma marca de valor máximo no esporte mais popular do planeta. Se, com tudo isso, não conseguimos organizar o futebol para termos clubes fortes, bem gerenciados e lucrativos, capazes de manter ao menos alguns grandes craques por aqui, é porque somos muito incompetentes. É como se a Arábia Saudita não ganhasse dinheiro com o petróleo.
Por isso os 5 a 0 do Brasil contra o Equador foram um péssimo resultado, já que dão força à segunda era Dunga e à infindável era Ricardo Teixeira na presidência da CBF (desde 1989).
Dunga foi convocado para comandar a mais importante equipe de futebol do planeta sem nunca ter comandado outra equipe. O quê?! Quando vejo anúncios de emprego dizendo "não é preciso experiência" sempre desconfio que seja picaretagem. Dunga não é técnico, ponto.
Já Ricardo Teixeira herdou do então sogro, João Havelange, o comando do futebol brasileiro. Em julho, foi eleito por aclamação pelos representantes das federações estaduais e dos clubes para o sexto mandato seguido na CBF, até 2011. Se nossos senadores são o que são, imagine os representantes das federações estaduais de futebol. E nosso Hugo Chávez da bola já alterou os estatutos para poder ficar no cargo por até 26 anos, apesar do pífio desempenho.
O que a CBF fez para estancar a fuga de craques cada vez mais jovens que tirou a arte dos certames e esvaziou os estádios? Nada. O que a CBF fez para melhorar a gestão dos clubes e do futebol como um todo para que o esporte se desenvolva, não definhe? Nada.
E só teremos ao menos alguns de nossos craques jogando por aqui quando nossos clubes tiverem gestão profissional. Não é preciso nada além de competência mínima. Temos mercado vasto, matéria prima barata, marca forte, penetração global, melhor produto. E uma Bolsa de Valores vibrante, capaz de atrair muito capital para marcas como Flamengo, São Paulo, Corinthians. Mas há algo de muito podre no reino da bola, e nada acontece.
Apesar da obviedade da solução, aliás a mesma para o resto do país (boa gestão), ela é improvável. O presidente Lula, nosso líder mais apaixonado pelo esporte dos últimos tempos, poderia ao menos tentar fazer algo. Sua Timemania, que serve para refinanciar dívidas milionárias dos clubes com o governo, geradas por incompetentes e corruptos, não exige nenhuma contrapartida em termos de boa gestão e saneamento básico. Ao contrário, dá fôlego à estrutura atual, quando era excelente oportunidade para implodi-la.
A desfaçatez com que deixamos nosso futebol apodrecer à luz dos holofotes desanima e desespera, como se estivéssemos condenados à mediocridade. O desespero é tanto que ontem tentei torcer contra o time de Dunga, como o próprio Maracanã, lindo, lotado e louco para soltar a vaia.
Mas Ronaldinho, Robinho e Kaká tornam essa tarefa impossível. Seus golaços e jogadaças, importadas, nos anestesiam e reforçam nossa miséria exuberante. São como anjos do mal, enchendo de graça o enterro de nossa maior paixão.

Um comentário:

Guilherme disse...

1º) O que é "SÉRGIO MALBERGIER"??? Nunca ouvi falar.

2º) Qual a relação do Ricardo Teixeira com Hugo Chavez??? Só esse tal Sérgio poderia dizer, mas como nunca ouvi falar continuo no aguardo.

Torcida é Gremista, o resto é cópia...

DÁ-LHE GRÊMIO!!!