quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Atenção: Blog “A Verdade do Pan 2007” está fora de ar!!!!

“A Verdade do Pan 2007” saiu de ar.

Desde terça-feira, dia 07/08/07, não é mais possível acessar o blog “A Verdade do Pan 2007” nem “A Verdade da Copa 2014” coordenados por uma pessoa com o pseudônimo Diana. Sabemos que existe uma queixa de calúnia, injúria e difamação impetrada pelo presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, contra a “Diana”. Este processo está sendo investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática – Cidade Nova – Rio de Janeiro.

Podemos ariscar algumas perguntas:

- A queixa de Carlos A. Nuzman tem a ver com inacessibilidade do blog?
- Por que o blog saiu do ar? Foi por precaução própria e voluntária da “Diana” ou alguém (por exemplo, polícia, governo, Google) tirou do ar?
- Onde está “Diana” e como ela está? Será que ela foi presa? Ela precisa de ajuda? Tem advogado? Está sendo bem tratada?

A posição da UTB é a de que desejamos a realização de eventos como Pan, Olimpíada ou Copa do Mundo no Brasil e queremos apoiar tais iniciativas. Porém, queremos que todos os brasileiros sejam beneficiados por esses eventos. O acesso de todos tem de ser garantido. Além disso, o evento necessita ser organizado de modo transparente para que possamos acompanhar a correta condução da realização e, principalmente, a correta utilização dos recursos financeiros. Nesta função a imprensa tem um papel fundamental. Imprensa significa hoje em dia não só jornais, revistas, radio e tv, mas também sítios na internet, como blogs. A liberdade de expressão e informação tem de ser protegida para garantir a correta realização destes eventos para o benefício de todos.
O blog “A Verdade do Pan 2007” é um dos meios para tentar garantir um evento que possa trazer benefício à população, mesmo que nem sempre todos concordem com seu conteúdo. Mas opiniões diferenciadas têm de ser permitidas.
A suspeita de que o blog foi tirado do ar num ato de censura é insuportável. Pedimos imediatos esclarecimentos sobre o caso e a liberação do blog.

UTB

Pedimos a imediata liberação do blog original “A Verdade do Pan 2007”!

12 comentários:

Anônimo disse...

Caras, vcs colocam o blog num servidor amarrado a uma grande corporação e num querem ser censurados? Eles tiraram do ar. Vcs têm os dados que foram publicados la? Se tiver, tenho como disponibilizar espaço no meu servidor para vcs publicarem os artigos e arquivos todos. Assim o site continua no ar.
Se quiserem, entrem em contato comigo que faço às honras e mando o ftp, senha e tudo mais para vcs publicarem o site. O omínio anual eu posso até arranjar um se for necessário....

Anônimo disse...

O que será que houve? Censura? Rapto? Repressão violenta ou ameaçadora?? Vamos pesquisar e divulgar esse fato aos meios de comunicação! Ah, quem quiser acessar o blog da verdade do pan para ver o que tinha nele de tão 'ameaçador', acesse http://www.archive.org/web/web.php (Internet Archive) e digite o endereço do blog na caixa e clique em Take me Back! É isso aí!

Anônimo disse...

Estamos de volta aos tempos de mão de ferro.
Liberdade de Imprensa.
Viva a democracia.
VAMOS EXIGIR A VOLTA DO BLOG averdadedopan2007.blogspot.com

Savio Raeder disse...

É preciso de fato apurar o que houve! O ocorrido pode se tratar tanto de uma iniciativa pessoal dos autores, que precisam se manifestar sobre o que aconteceu, como de uma grave violação da liberdade de expressão tal qual aquela denunciada pelo o Repórteres Sem Fronteiras a respeito dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008.

Savio Raeder disse...

É preciso apurar o que houve! O incidente pode se tratar de uma iniciativa pessoal dos autores, que precisam se pronunciar sobre o que houve. Por outro lado, pode significar uma grave violação da liberdade de expressão tal qual aquela denunciada pelo Repórteres Sem Fronteiras (www.rsf.org) a respeito da repressão chinesa contra internautas; atitude pouco condizente para um país que sediará os Jogos Olímpicos (Pequim 2008).

Anônimo disse...

A realização dos Jogos PAN-Americanos, no Rio de Janeiro, provocou, entre outros efeitos, o surgimento de uma nova cobertura esportiva na Internet: o Blog-rancor.
Nos últimos anos, infelizmente, quando se trata de falar sobre o Rio de Janeiro, o rancor e o preconceito predominam. Por conta disto, independentemente da opinião de técnicos e atletas, o que vi no falecido blog foi o foco na crítica negativa. Com certeza deve haver liberdade total para a crítica, desde que fundamentada.
Porém, a crítica repetitiva e sistemática precisa ser desestimulada com urgência porque além de rancorosa, contribui para a má formação dos jovens além de prejudicar a auto-estima do brasileiro. Campanha e perseguição não deveriam fazer parte do comportamento de quem é profissional de mídia, o que passa a se tornar irresponsabilidade. Como tal, precisa ser severamente reprovado pela sociedade, de forma geral.
Quem trabalha como jornalista esportivo e atua com esse tipo de procedimento está na contra-mão do bom-senso! Se o sujeito gosta de esporte, deveria estar contente de ter visto o PAN no Brasil. Mas a intenção evidente do blog, foi passar a imagem de que o PAN do Rio estava APENAS envolvido em maracutaias e desorganização. A forma como foi feita a cobertura pela ESPN Brasil, por exemplo, principalmente nas participações do José Trajano e Juca Kfouri foi outro descalabro. Ambos declararam para a revista Caros Amigos que o PAN não serve para nada; que é um evento pífio no qual atletas de 2º ou 3º escalão (Trajano chegou a chamar os atletas do tênis de meia-boca) não representam o esporte em seus países. Ofuscar as conquistas desses atletas com as manchas do preconceito, é grande desserviço ao esporte e à cidadania brasileira.
James Heckman, Prêmio Nobel de Economia em 2000, dizia que o maior problema do Brasil é a baixa auto-estima do brasileiro. Estando ele com a razão, bom seria se pudéssemos parar (o quanto antes) de dar crédito à ladainha árida, estéril e improdutiva. O argentino não fala mal da Argentina para estrangeiros. O americano morre e não fala mal dos Estados Unidos para um não-americano. O alemão só elogia o seu país para os de fora. Mas existe uma mídia no Brasil(rádio, jornais, tv, blogs, etc.) com o mau hábito de só falar mal de tudo que acontece ou é feito aqui. Para ela, nada que é “bom” tem valor enquanto notícia. Prefere, em vez de apresentar todos os fatos com responsabilidade, vender a desgraça, o sensacionalismo e a polêmica como pratos do dia. Faz a vez de “partido de oposição”, o que absolutamente não deve ser o seu papel. Também não se ocupa de reconhecer as virtudes com a mesma ênfase e detalhamento minucioso que costuma dar aos erros, crimes e escândalos. Muita mágoa, preguiça, irresponsabilidade e fofoca são os principais temperos que maximizam - com requinte de perversidade - toda falha, por minúscula que seja. Além disso, qualquer voz crítica contra esse poder é logo desqualificada como "sofisma", "teoria da conspiração" e "censura".
Enquanto o foco for a lama, jamais reconhecerão a verdadeira importância do PAN Rio 2007. Felizmente, a percepção da grande maioria do povo brasileiro não é a de que o PAN seja um evento que não vale nada, como diz o Juca Kfouri. Ao contrário, sabe (porque também o vivenciou) que o PAN mobiliza o público, coloca novas modalidades em evidência, motiva jovens para a prática esportiva, e traz grandes benefícios a curto, médio e longo prazo.
Sendo assim, o balanço do PAN (com responsabilidade e respeito) deveria levar em conta (também) a imensa diversidade de pontos positivos, sem ufanismos exagerados e com o mesmo grau de detalhamento destinado aos erros e problemas. Se assim o fizesse, o blog “A verdade do Pan” teria nos oferecido um belo (e verdadeiro) material, resultado de ter buscado o que o PAN edificou no campo das relações humanas, da prática das virtudes, do espírito da dádiva, do pensamento construtivo, etc., entre tantas outras faculdades presentes num país capaz de realizar e superar desafios.

Anônimo disse...

Vamos ver depois da CPI !!!!!

Anônimo disse...

Marca do Pan será uma CPI

Ao fazer a previsão, Juca Kfouri diz que competição é “evento de terceira categoria” e destaca o estouro de 400% no orçamento dos jogos
Lucas Ferraz

Em contraste com as matérias ufanistas da televisão, que exaltam o Brasil e os atletas brasileiros com um otimismo que chega a beirar o ridículo, as declarações fortes – e algumas vezes ácidas – de Juca Kfouri são difíceis de se encontrar em tempos de jogos Pan-Americanos.
Ele é um dos poucos jornalistas que cobrem o esporte com um viés político – ou a política sob o ponto de vista esportivo, tanto faz.Para Juca Kfouri, o Pan do Rio de Janeiro, que termina no próximo domingo, “é um evento de terceira categoria”, com países como Estados Unidos e Canadá enviando atletas longe de serem do primeiro escalão. “Em termos esportivos, há muito tempo o Pan não representa nada de importante. Basta dizer que desde 1987, há 20 anos, não se quebra um recorde mundial nos jogos Pan-Americanos”, diz.
E o que acontece? “Acaba sendo uma coisa falaciosa. O país está criando uma expectativa de achar que vai chegar em Pequim [nas Olimpíadas de 2008] e achar que vai repetir esse número de medalhas. Evidentemente que não vai”, afirma.Como marca do Pan, o jornalista acredita que ficará uma possível investigação do evento em uma comissão parlamentar de inquérito, no Congresso (algo ainda sequer cogitado pelos parlamentares) e na Câmara de Vereadores do Rio, onde ela já foi criada e está prevista para ser instalada em 14 de agosto, após os jogos.O escândalo – e que é uma das motivações da CPI – diz respeito aos gastos com o evento. A previsão inicial era de R$ 720 milhões, mas o valor está prestes a chegar na casa dos R$ 4 bilhões. “Tudo foi feito rigorosamente em cima das pernas, para usar uma expressão educada”, diz Juca.
Colunista da Folha de S.Paulo, Juca Kfouri, 57 anos, é também comentarista do canal de TV por assinatura ESPN e mantém um programa na rádio CBN, além de ter um dos blogs (http://blogdojuca.blog.uol.com.br/) mais visitados da internet.

Eis a entrevista que o jornalista concedeu ao Congresso em Foco, por telefone, na tarde de ontem:

A previsão inicial de gastos do Pan era de R$ 720 milhões, mas o custo final está quase na casa dos R$ 4 bilhões. O que de errado aconteceu?
O que eles argumentam é que, em regra, esse tipo de evento sempre estoura o orçamento, o que é verdade. Por exemplo, na Inglaterra, para as Olimpíadas [Londres será a sede em 2012], já há um estouro de 30%, o que está causando uma grande celeuma lá. Mas essa é a média, 30%. Aqui nos já chegamos a 400%. Acho que é fruto, por um lado, de um planejamento feito de maneira modesta, para convencer o governo federal de que era possível, era viável e era barato. Para que depois, quando as coisas não estivessem caminhando como eles prometeram – eles, quando eu digo, é o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) –, chantageassem o governo, encostassem uma faca na garganta, dizendo: “Olha, do jeito que está não vai dar, vai ser uma vergonha para o país se a gente tiver que desistir”. Aí o governo abriu a mula. Grande parte desse estouro, segundo o próprio TCU [Tribunal de Contas da União], é fruto de eventual superfaturamento. Há muita obra feita, há muito gasto feito sem licitação. Tudo foi feito rigorosamente em cima das pernas, para usar uma expressão educada.

O Pan foi organizado de uma forma tipicamente brasileira. A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida sede em 2002. São quase cinco anos para se preparar um evento, e ele acaba saindo, não sei se poderia se referir assim, um desastre?
Sem dúvida nenhuma. Do ponto de vista orçamentário, é mais que um desastre, é um escândalo.

Do ponto de vista esportivo, os Jogos Pan-Americanos podem ser considerados um evento de segunda divisão? Na natação, por exemplo, o grande nome mundial atualmente é o norte-americano Michael Phelps, que não veio ao Brasil.
Segunda divisão é generosidade. Diria que é um evento de terceira. Muito mais importante que os Jogos Pan-Americanos, por exemplo, em termos de índices, são os jogos asiáticos. Por incrível que pareça, até a Universiad [jogos mundiais universitários] é um evento mais importante que os Jogos Pan-Americanos. Em termos esportivos, há muito tempo o Pan não representa nada de importante. Basta dizer que desde 1987, há 20 anos, não se quebra um recorde mundial nos Jogos Pan-Americanos. Nós já estamos entrando nos últimos dias dos Pan no Brasil, nenhum recorde mundial foi quebrado, e provavelmente não será. Porque os americanos e os canadenses vieram com as suas terceiras, quartas equipes. Acaba sendo uma coisa falaciosa. O Brasil está criando uma expectativa de achar que vai chegar em Pequim [nas Olimpíadas de 2008] e vai repetir esse número de medalhas. Evidentemente que não vai. Na natação, por exemplo, pelos índices alcançados, embora o Thiago Pereira tenha tido a façanha de ganhar seis medalhas de ouro, mas o único nadador que se aproximou do recorde mundial foi César Ciello, a dois décimos de segundo de igualar o recorde mundial do russo Alexander Popov. Mas, de resto, são índices que deixariam os nadadores brasileiros em sexto, sétimo, oitavo lugar numa Olimpíada, se chegar a esse ponto. É um evento de terceira categoria, tanto que não se vêem grandes cidades do continente pleiteando ser sede do Pan-Americano. Você não vê Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles, Montreal, Quebec. Eles não querem fazer Jogos Pan-Americanos, querem é sediar uma Olimpíada.
O Pan seria um evento muito bom para se fazer em Curitiba, em Recife, em Belo Horizonte, nunca para o Rio ou São Paulo.

A vaia ao presidente Lula, na abertura do evento, será o que vai ficar de mais significativo desse Pan?
Não, acho que não. A vaia é mais ou menos histórica, já que o Maracanã sempre vaia políticos e vaiou o Lula. Também não estava ali um público que é eleitor do Lula, estava ali gente que pôde pagar R$ 150, R$ 200, e acho que aquilo, de fato, faz parte. Esse não será o aspecto mais notório que marcará o Pan. Tem um lado de festa na cidade, de congraçamento, que é importante, é estimulante, e que talvez faça um bem para o Rio, tomara. O que é de se lamentar é que tudo aquilo que se prometeu, que ficaria como legado para a cidade, como uma nova linha de metrô, saneamento da baía de Guanabara, da lagoa Rodrigo de Freitas, nada disso foi feito. E teme-se pelos equipamentos esportivos. Porque se tem uma coisa que é necessário fazer antes de construir um grande equipamento esportivo é saber exatamente qual será o destino dele depois do evento. E isso ainda não se sabe. Acho que o que vai ficar e vai marcar o Pan vai ser uma CPI. Tanto na Câmara dos Vereadores quanto no Congresso. Essas CPIs é que vão mostrar o tamanho do descalabro.

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro ainda não instalou a CPI?
Ainda não está em funcionamento. A CPI que está funcionando é a do Riocentro, por causa de um equipamento que foi passado por uma empresa francesa, sem maiores cuidados técnicos. Mas já está definido que a CPI vai começar logo depois que o Pan terminar.

O Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), preside também a CO-RIO, empresa organizadora do Pan. Isso é um escândalo, não?
Acho que é no mínimo um conflito. Isso faz parte da política. A figurinista da delegação brasileira é cunhada dele. A filha dele trabalha no marketing de uma das empresas que ganhou a concorrência para trabalhar no Pan. Um diretor do COB é o representante da companhia de seguros que segurou o Pan. O sócio dele ganhou o direito de fazer o evento de abertura e os tíquetes eletrônicos. Quer dizer, é tudo um grande compadrio, nepotismo de cima a baixo.

Há muitos casos suspeitos no esporte, como o Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que acabou sendo reeleito recentemente, sem nenhuma concorrência, além desses casos no Comitê Olímpico Brasileiro. Por que não há uma fiscalização eficiente sobre essas entidades esportivas e seus presidentes?
Porque eles têm um poder de sedução muito grande. Um discurso demagógico, de que se sacrificam pelo desenvolvimento do esporte. Eles têm um poder político que não é desprezível. Você cobre o Congresso e sabe o que é a chamada bancada da bola, que teve o poder, anos atrás, na Câmara dos Deputados, de impedir que o relatório da CPI da CBF/Nike sequer fosse votado. O esporte brasileiro é uma outra face de uma situação que é nacional, infelizmente.

E com a conivência de alguns grandes órgãos da mídia.
Eu diria que principalmente com a cumplicidade da mídia eletrônica, que se associa a essa gente para poder comprar o direito de transmissão dos eventos. Acaba tratando essa gente como sócio, e sócio você não cobra politicamente. Você só enche a bola.

Nunca na história, como gosta de dizer o Lula, um presidente da República deixou de fazer um discurso na abertura dos jogos Pan-Americanos, em decorrência daquela vaia. O Palácio do Planalto já anunciou que ele não vai estar presente no encerramento do evento, no próximo domingo. Na sua avaliação, há algo de ruim nisso?
O fato de ele não ter feito a abertura oficial foi uma gafe absolutamente imperdoável. Primeiro, porque é obrigação dele. Segundo: era uma demonstração de acatamento democrático da hostilidade que recebeu. Ele não ia fazer um discurso sobre vaias, ia se limitar a dizer uma frase: “Declaro aberto os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro”. Não ter feito isso não honrou o passado de um militante acostumado a falar para as mais diversas platéias. Se ele vai ou não no domingo, ainda é incerto. Há quem diga que ele vai, há quem diga que não. Também haverá de contribuir para que ele não vá o acidente da TAM. Parece que ele pode achar como boa desculpa o fato de que não faz sentido o presidente do Brasil ir a uma festa no momento em que o país está de luto e escandalizado com o que está acontecendo no setor aéreo. Mas é melhor não ir do que ir e ferir o protocolo, como ele feriu na abertura.

Muitos atletas brasileiros que participam do Pan reclamaram das dificuldades, alguns falaram até que tiveram que vender o carro para participarem de competições. Enfim, o governo brasileiro investe muito pouco no esporte...
Veja bem, o país tem um erro de foco, para usar uma palavra que está na moda, muito claro. O papel do Estado, principalmente em um país com as carências do Brasil, é promover o esporte como fator de saúde para a população brasileira. Esporte de alto rendimento não deve ser preocupação do Estado. O Estado tem que massificar o esporte, e naturalmente da quantidade sairá a qualidade. Essa qualidade deve ser trabalhada nos centros de excelência, a custo da iniciativa privada. O que há aqui é uma inversão. Não temos uma política esportiva para o país, não se pensa o esporte como fator de inclusão social, não se pensa o esporte como um fator de prevenção de doenças, e nós temos todas essas distorções. Em regra, nossos atletas mais bem-sucedidos, com raríssimas exceções, são frutos de geração espontânea, do próprio talento. Para pegar um exemplo recente, o Guga, que apareceu com o talento que ele tem, ficou quase uma temporada inteira como número um do ranking mundial, ganhou três vezes em Roland Garros, e não se fez nada, apesar de ter havido uma euforia por causa do tênis em todo o país, para se aproveitar essa euforia e eventualmente trabalhar em novos Gugas. Essa é uma crise que vem há anos, não se pensa o esporte seriamente no Brasil. Pensa-se de maneira demagógica, levar a seleção para o Haiti, fazer lá um jogo, enfim, não se tem realmente uma política.

Os Jogos Pan-Americanos são vistos como um teste para futuros eventos no Brasil, como a Copa do Mundo, em 2014, e uma eventual Olimpíada. Qual será o maior legado do Pan?
Se a pretensão era mostrar pelos Jogos Pan-Americanos que o Brasil pode sediar uma Olimpíada, e essa é a desculpa oficial do Nuzman para o estouro no orçamento, de que “nos preparamos para uma Olimpíada e não para um Pan-Americano”, o país está reprovado. Até pelas coisas que aconteceram.

Como, por exemplo?
Não pôde começar um jogo de softball porque uma chuva destruiu as instalações. Dirigentes do judô que jogaram coisas nos juízes porque discordaram de uma decisão da medalha de ouro entre o Brasil e um cubano. Até a nossa torcida, infelizmente, vaiando ginastas estrangeiras, como o coro “vai cair, vai cair”. Na disputa do salto com vara também vaiaram uma norte-americana. Você não vê isso em nenhum lugar do mundo. Você até vê em esportes coletivos, mas em esporte individual a torcida aplaude todos os concorrentes. Claro que mais para o seu, mas não vaia o adversário. À parte algumas instalações belíssimas que estão aí entregues, não foi um evento que tenha passado com distinção para poder pensar em uma Olimpíada.

Juca Kfouri

Anônimo disse...

Pan

SÃO PAULO (meu passaporte é o mesmo) - Durante duas semanas, um pouco mais, fomos bombardeados pelo verde-amarelo. Nas bandeiras, nos uniformes, no hino, nas perucas, nas camisetas, nos bonés.
Arenas, ginásios, estádios, quadras, tudo tomado de verde-amarelo, e de um otimismo incontido. O avião da TAM atrapalhou muito. Como é que pode cair um avião no meio do “nosso momento”?E o “nosso brilho”, “nossas meninas”, “nosso atletismo”, “nosso basquete”, “nosso vôlei”, “nossa natação”, “nosso judô”, “nosso tênis de mesa”, “nosso iatismo”, “nosso hipismo”?Que sacanagem, a desse avião.
Fomos obrigados a trocar os sorrisos dos apresentadores, dos “nossos apresentadores”, pelo ar contrito, que não fica bem comemorar nada com 200 pessoas torrando num cilindro de metal. Mas é só por um dia ou dois. Amanhã tem Brasil-sil-sil de novo.(Parênteses. O maior mal do Brasil é o cara da Globo que dispara a vinheta “Brasil-sil-sil”. O dia em que esse cara se aposentar, metade dos problemas do país estarão resolvidos. Aproveitem e aposentem, também, o responsável por misturar hino nacional com musiquinha do Senna.)
E obedecemos, por duas semanas, um pouco mais, à ordem-do-dia martelada minuto a minuto pela TV. Vamos torcer pelo Brasil no revezamento! Vamos torcer pelo vôlei do Brasil! Vamos torcer pela ginástica do Brasil! Vamos torcer para o cara tropeçar porque assim o Brasil leva! É ouro para o Brasil! Vamos torcer pelo Brasil, putada!
Não, não pude assistir a nenhuma competição apenas para assistir. Eu tinha de torcer para o Brasil, senão corria o risco de ser deportado.
Ah, quantos sorrisos, quanta gente alegre, e quantas lágrimas no pódio! Como é bom, ser brasileiro! Que potência! Que bando de tontos, isso sim.
O comportamento do brasileiro tem sido pautado há muitos anos pela TV Globo, isso não chega a ser uma grande novidade, mas quando tem esporte na parada, é um pavor. As pessoas vão às arquibancadas com um único objetivo: fazer papel de palhaço para aparecer na Globo.
Não é muito difícil. Basta levar um cartaz, ou meter uma peruca ridícula, ou pintar a cara, ou as unhas, ou usar óculos enormes. E ficar de olho nos telões, porque uma hora uma câmera vai te pegar e você vai apontar para o telão, cutucar o vizinho, e acenar e pular feito um chimpanzé pintado de verde-amarelo. Cante que é brasileiro com muito orgulho e com muito amor, também. Faça parte da “galera”.
A Globo trata “nossos” atletas como se fossem todos dela, da Globo. É a delegação global. Da mesma Globo que está cagando para o esporte, não transmite um jogo de basquete por ano, mas quando o basquete ganha o ouro, num torneio medíocre de times fraquíssimos, é o “nosso basquete”, e lá vão os bobões dar entrevista para a Globo, chorar para as câmeras da Globo.
Da mesma Globo que promove os Jogos Mundiais de Verão, tudo devidamente patrocinado por estatais e por marcas de chinelos e de tênis, jogos que não existem, só servem para embromar a patuléia nas manhãs de domingo.
Da mesma Globo que promove “desafios internacionais” de babaquices pueris como vôlei de praia, futebol de areia, patinete, bambolê, skate.E enchemos o rabo de medalhas, e inventamos uma disputa estúpida com Cuba, que tem menos habitantes do que São Paulo, e os cubanos são vaiados pelos incrivelmente civilizados torcedores que vão às arenas de peruca verde-amarela, porque se tornam inimigos da pátria, párias que não têm o direito de derrotar “nossos meninos” e “nossas meninas”, de ser melhores do que nós.
Toda glória aos atletas. É o momento deles. Sacrificam-se, treinam, lutam, têm uma vida dura. Vivem num país que não tem, nunca teve, política de esporte. Mas fazem papel de bobos em momentos como esse, choram para aparecer no “Fantástico” e no “Jornal Nacional”, permitem que a mídia de aproprie de suas vitórias, que o país que lhes vira as costas festeje seus triunfos e os assuma coletivamente, é a vitória do Brasil!
Vitória do Brasil o cacete, as vitórias são individuais, nunca fizemos nada por eles. Não vi ninguém falar das derrotas do “nosso ciclismo”, ou do “nosso badminton”, e ninguém dirá que “nosso basquete” é uma bomba se o Brasil não passar do pré-olímpico, o que vai acontecer, ou que “nossa natação” é um fiasco se não vier nenhuma medalha de Pequim, no ano que vem, o que é bem provável.
Derrotas não são para dividir. Cada um engula a sua.O Brasil ganhou dez medalhas em Atenas em 2004, cinco de ouro, sendo três delas na vela e no hipismo, redutos de alguns clãs, esportes que não têm praticantes no país, são apenas diversão de milionários. Outra foi no vôlei de praia, esporte inventado aqui, e outra, aí sim, na única modalidade em que é forte de verdade, o vôlei de quadra masculino.“Nossa natação” não ganhou nada, “nosso atletismo” arrancou um bronze na maratona, “nosso judô” trouxe dois bronzes, “nossa ginástica” saiu zerada, “nosso taekwondo” idem, levamos couro da Ucrânia, da Hungria, da Grécia e da Romênia.
Não, não se mede um país pelo número de medalhas que ganha numa Olimpíada. Noruega, Suécia e Canadá ficaram atrás do Brasil em Atenas. Somos melhores que Noruega, Suécia e Canadá? Faz-me rir. Mas é o que se tenta vender aqui. Que somos demais, verde-amarelos, com muito orgulho, com muito amor. Que somos do tamanho de “nossas medalhas”.
Gastaram 3 bilhões para fazer o Pan no Rio. Ergueram estádios e ginásios. Umas meninas do hóquei, acho, preteridas da seleção depois de acusações até de assédio sexual, protestaram num jogo qualquer torcendo por Cuba, e vi uma mulher na TV revoltada, chapéu verde-amarelo enfiado em sua cabeça ridícula, xingando as meninas e bradando “isso aqui é Pa-na-me-ri-ca-no”, separando as sílabas. A vaca não tinha a menor idéia do que estava falando. “Aqui tem que ser brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Patriota de araque. Patriota de boutique.Essa dinheirama toda será abandonada, não tenham dúvidas.
Arenas, ginásios e sei lá o que mais vão ter infiltrações no teto, as piscinas vão secar e ficar cheias de dengue, tudo vai apodrecer para poder ser reformado um dia, ninguém vai querer pegar o mico para pagar a conta.Em Pequim, “nossos meninos” e “nossas meninas” vão ganhar o que sempre ganham, meia-dúzia de medalhas no vôlei, no vôlei de praia, no “nosso hipismo” e talvez no “nosso iatismo”. Ninguém vai assumir “nossas derrotas”. “Nossos atletas” vão reclamar da falta de estrutura, da falta de piscinas, de pistas de atletismo, de ginásios, de condições.
O Pan não mudou o Brasil em nada, não se iludam. Os sorrisos dos apresentadores de TV são uma tentativa inútil de inflar a auto-estima do brasileiro, um esforço enorme para que o brasileiro se convença de que é vencedor, bem-sucedido, simpático e bacana.
Somos demais, em resumo, é isso o que o Pan nos ensinou, e se você não se sente assim, tem algum problema. Porque o Brasil da Globo é de ouro, é o máximo, fizemos o melhor Pan da história, graças a Deus, com muito orgulho, com muito amor.

Blog de Flavio Gomes

Anônimo disse...

CPI do Pan é adiada outra vez

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará supostas irregularidades nas obras, compra de equipamentos e contratos firmados pela Prefeitura do Rio para a realização dos Jogos Pan-Americanos, foi mais uma vez adiada. Três membros da CPI, os vereadores Nadinho de Rio das Pedras (DEM), Carlo Caiado (DEM) e Luiz Antônio Guaraná (PSDB) votaram pela instalação da Comissão apenas após o dia 15 de novembro, quando ocorrerá a entrega do relatório final da Comissão Especial de Acompanhamento do Pan, presidida por Nadinho. O requerente da CPI, vereador Eliomar Coelho (PSOL), reagiu com irritação.

De acordo com Eliomar Coelho essa foi uma manobra do prefeito Cesar Maia para que a Comissão não fosse instala. `O prefeito jogou pesado, estou perplexo com a atitude dos vereadores. Nós fizemos um acordo e eles não cumpriram`, afirmou o parlamentar. Para ele o adiamento `não tem o menor cabimento` e o trabalho da Comissão Especial não interfere na criação da CPI.

O vereador Nadinho afirmou que a Bancada do Governo tem sim interesse em fazer a CPI, mas somente após o termino dos trabalhos da Comissão Especial. `Não estamos impedindo a realização dessa CPI, mas somente adiando. Com o relatório da Comissão em mãos teremos um embasamento muito maior e o trabalho será melhor desenvolvido`. O vereador Carlo Caiado fez coro com Nadinho e afirmou ainda que com o relatório será mais fácil mostrar para a sociedade todas as informações necessárias com transparência.

A vereadora Andréa Gouvêa Vieira (PSDB), que participou da reunião, ficou indignada com a atitude de seu correligionário, o vereador Luiz Antônio Guaraná, e ameaçou sair do partido caso ele não mude sua posição. `Houve uma quebra de acordo, o que me faz pensar que o prefeito tem medo. O Tribunal de Contas e a Polícia Federal já estão investigando essas irregularidades. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro deveria estar a frente desse processo. É inaceitável que não se consiga instalar essa CPI`, afirmou a parlamentar.

Eliomar Coelho informou que continuará realizando uma investigação paralela sobre possíveis irregularidades nos preparativos do Pan.

Por Dandara Batista, da Ascom/ CMRJ.

Anônimo disse...

Gastos do governo no Pan 2007 serão alvo da
Polícia Federal

A Polícia Federal vai abrir inquérito em, no máximo 30 dias, para investigar os gastos do governo no Pan, afirmou ontem o delegado Joe Montenegro, titular da Delefin (Delegacia de Crimes contra o Sistema Financeiro) no Rio.

O Pan custou R$ 3,7 bilhões aos cofres públicos (municipal, estadual e federal) --quase 800% mais que o previsto.

`Temos sérios indícios de malversação do dinheiro público no evento. Foram consumidas somas vultuosas. Com o dinheiro federal gasto aqui, poderia se investir pesado na segurança pública e na saúde. Eles preferiram usar o dinheiro nesse evento pífio`, disse Montenegro, que investigará apenas o uso do dinheiro federal no Pan --cerca de R$ 1,8 bilhão.

O presidente do Co-Rio (comitê organizador dos Jogos), Carlos Arthur Nuzman, e o secretário federal do Pan, Ricardo Layser, deverão ser os primeiros a depor. O Ministério Público Federal também deverá participar da investigação.

Montenegro definiu os gastos do governo no Pan `como uma das maiores vergonhas que o país pagou`.

Na semana passada, ele pediu informações ao TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o uso da verba federal no evento. Na última quarta, o tribunal recomendou que o Ministério do Esporte e o Estado do Rio suspendam os pagamentos de contratos firmados para a organização do Pan.

Hoje, vereadores cariocas vão nomear o relator da CPI do Pan e definir o cronograma de trabalho. A Comissão, cujo início fora adiado para não atrapalhar a realização dos Jogos, investigará os gastos da Prefeitura do Rio no evento. Na sexta, o município informou que gastou cerca de R$ 1,2 bilhão.

Ontem, o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio) informou que o engenheiro responsável pela construção do Engenhão será convocado a depor. No sábado, parte de um muro de 15 metros próximo a um portão de acesso desabou. Foi a segunda vez que um muro do Engenhão --orçado em R$ 380 milhões e principal arena construída para o Pan-- caiu.


SÉRGIO RANGEL - 14/08/2007

Fonte: www1.folha.uol.com.br

Anônimo disse...

É a tal da ditadura que acabou, e que só é percebida quando vc é parado pela polícia e seu coração "gela" de medo, só é percebida quando exigem que vc tenha votado na eleiçao anterior para conseguir um trabalho ou prestar um concurso, detalhe, votar é obrigatório, preservar o Estado os civis tb, mas os políticos o fazem?
Acorda nossa classe.