quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Estádio não tem padrão da Fifa para segurança

Folha de São Paulo, São Paulo, quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Parque Antarctica falha em relação a normas para público e jogadores Palmeirenses entram só por um portão, com corredor estreito; entidade pede espaço de sobra e acessos separados para cada setor

RODRIGO MATTOS DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que inspetores da Fifa estarão em São Paulo, para analisar se a cidade pode sediar a Copa do Mundo de 2014, o clássico entre são-paulinos e palmeirenses vai desrespeitar normas de segurança da entidade máxima do futebol.

O Parque Antarctica está fora dos padrões exigidos pela Fifa para proteção do público, jogadores e árbitros. A inadequação agravou-se com as alterações na entrada dos torcedores feitas a pedido da Polícia Militar.Em visita ao estádio, a Folha constatou pelo menos oito pontos que contrariam o documento da Fifa sobre estádios: "Recomendações técnicas e exigências". Alguns dos desrespeitos são comuns a outras arenas brasileiras, alguns são específicos do Parque Antarctica.

O controle do público é o maior problema. Por pedido da PM, 18 mil palmeirenses entrarão por um portão na rua Turiassu -o acesso da Francisco Matarazzo estará fechado.Terão de entrar por um portão seguido de uma escada e por passagem por debaixo da sede social. Em seguida, entram em corredor mais estreito, em volta do campo, até chegarem a seus lugares.

A Fifa recomenda que cada setor tenha seu próprio acesso ao estádio, com triagem em grade exterior às entradas.Seu documento diz que "todo mundo vai querer sair ao mesmo tempo, em poucos minutos, e o espaço para circulação imediatamente fora das portas tem que ser suficiente para garantir que o espectador não seja posto em risco". A entidade manifesta preocupação de esmagamento de público.

Para amenizar o problema, a diretoria do Palmeiras pediu a seus torcedores que cheguem cedo. "Assim, não vai haver fluxo concentrado", disse Domenico Carone, diretor ligado à administração do estádio.Do corredor em volta do campo, os torcedores com ingresso de arquibancada podem entrar em qualquer um dos nove acessos a esses assentos. Ou seja, não são respeitadas as numerações escritas no concreto, o que inviabiliza o controle do total de pessoas por área. A falta de divisão em setores e subsetores é exigida pela Fifa.

No lado da torcida do São Paulo, as 2.000 pessoas só terão dois acessos às arquibancadas. Se a torcida visitante for numerosa, como ocorreu com a do Flamengo, há aglomeração de público na entrada.Em ambos os setores, não há cadeiras, que são exigência da Fifa para evitar grandes deslocamentos de torcedores em comemorações de gols.

A chegada de jogadores e árbitros ao Parque Antarctica também não atende às normas da Fifa. Para que passem do estacionamento para os vestiários, policiais interrompem o fluxo de torcedores no corredor em volta do campo e criam uma barreira. O público pode vê-los a pouca distância."Deve haver uma área privada, protegida, que possa ser acessada por ônibus, e que os participantes do jogo entrem no estádio seguramente, longe do público", diz a Fifa. "A torcida é nossa, não tem problema [com o time do Palmeiras]. E a passagem do outro time é muito rápida", falou Carone.Além da segurança, o Parque Antarctica, cujo primeiro jogo foi em 1902, não atende quesitos de conforto pedidos pela Fifa. Hoje, sua capacidade foi reduzida para 20 mil pessoas por segurança, nove mil a menos do que o normal. Há planos da diretoria para reformá-lo.

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