quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Filtro policial produz raro cenário de paz no Maracanã

18/10/2007 - 09h14

SÉRGIO TORRES da Folha de S.Paulo, no Rio

http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u337630.shtml

Um público muito diferente do que habitualmente freqüenta os estádios cariocas lotou na noite de quarta-feira o Maracanã para ver a seleção brasileira golear o Equador por 5 a 0, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo-2010. Em vez de torcedores violentos das torcidas organizadas, havia milhares de crianças, casais de namorados e famílias.
O fato de a maior parte dos presentes não ter o hábito de visitar o Maracanã deu ao jogo um ambiente de paz que normalmente não se vê nos clássicos que lotam o estádio.
Como a Polícia Militar e a Suderj (Superintendência dos Esportes do Estado do Rio de Janeiro) proibiram a entrada de torcedores vestindo camisas das organizadas, não havia como identificar quem era flamenguista, vascaíno, fluminense ou botafoguense. A cor predominante foi mesmo o amarelo das camisas da seleção brasileira vendidas aos milhares do lado de fora do estádio, antes da partida começar.
Muitas pessoas estiveram no Maracanã pela primeira vez. Foi o caso da dona de casa Fernanda de Melo, 35, levada pelo marido, Paulo Roberto da Silva, 38. O casal estava acompanhado do filho Marcelo, 4. Os três vestiam camisas amarelas e balançavam uma bandeira do Brasil.
"Nunca pensei que fosse tão tranqüilo. Pensei que o Maracanã era uma guerra. Estava enganada", afirmou ela.
O alerta da Suderj e da PM sobre o risco de tumulto se todos os torcedores chegassem ao Maracanã em cima da hora do jogo começar surtiu efeito. Às 20h, a pouco menos de duas horas do início da partida, três quartos do anel das arquibancadas já estavam tomado pelo público.
Os portões foram abertos às 18h, o que permitiu que os torcedores que chegaram mais cedo se acomodassem sem grandes problemas.Do lado fora, policiais reprimiram de forma rigorosa o estacionamento clandestino nas avenidas e ruas do entorno do Maracanã. Dezenas de flanelinhas, que cobravam de R$ 10 a R$ 50 por uma vaga, foram detidos. Sem os carros parados em fila dupla, o tráfego fluiu, e os engarrafamentos foram reduzidos.
Como os ingressos para assistir à partida se esgotaram na tarde de ontem, os cambistas ofereciam entradas a preços superfaturados. Um bilhete para a cadeira branca da arquibancada, que custava R$ 50 na bilheteria, saía por até R$ 200 na mão dos vendedores clandestinos.

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