terça-feira, 16 de outubro de 2007

MARTA: Não me preocupo em ser comparada com Pelé

UTB:
A entrevista termina com perguntas de ordem pessoal, diria sexual, que nos faz perguntar se essas perguntas seriam feitas para um homem que jogasse futebol ou para uma mulher que exercesse uma outra profissão. Será que aquelas últimas perguntas feitas a Marta, não reforçam os preconceitos citados no início da entrevista.

Folha de São Paulo, segunda-feira, 15 de outubro de 2007

ENTREVISTA DA 2ª - MARTA

Maior estrela do futebol feminino e símbolo de arte em campo, alagoana se inspira nas dificuldades de sua famíliaEm busca ainda da independência financeira que é tão comum para os astros do futebol masculino, Marta Vieira da Silva dá apenas os primeiros passos com o empresário de Ronaldo e espera lucrar mais com a posição de destaque que ganhou no esporte. Aos 21 anos e comparada a Pelé, vive na Suécia como rainha da bola, mas ainda fica à margem da grande mídia até no país do futebol, que pouca estrutura oferece para mulheres jogarem bola e que ainda cultiva preconceitos.

RODRIGO BUENODA REPORTAGEM LOCAL
Por telefone, da Suécia, Marta, a melhor do mundo no futebol, falou à Folha como é ser considerada o ""Pelé de saias".

FOLHA - Você tem alguma companhia na Suécia? Mora com alguém?
MARTA - Moro sozinha. Minha mãe já esteve aqui, mas só para visitar. Veio o frio, e ela voltou. FOLHA - Você tem namorado? Pensa um dia em casar e ter filhos?
MARTA - Não tenho namorado, mas a gente fica de vez em quando. Meu pensamento é de ter filhos, mas quando parar de jogar. Aí quero ter um casal. Filho agora atrapalharia a carreira. Perde um ano, talvez dois, tem que cuidar da criança...
FOLHA - Você recebe muita cantada na Suécia? É morena, famosa...
MARTA - Às vezes é meio chatinho, até porque me conhecem às vezes. Você sai e quer ficar à vontade, chega um e quer conversar. Aí fica enchendo o saco. Os suecos, quando estão meio safadinhos, começam a falar inglês. Às vezes é meio chato, me estressei. Mas é assim mesmo. FOLHA - Há muito homossexualismo no futebol feminino?
MARTA - Pelo fato de jogar aqui [Suécia] não sinto tanto isso. É um país liberal. Ninguém se importa com isso. As meninas que gostam de mulheres aqui falam escancaradamente: "Tenho minha namorada, sou isso, aquilo e pronto". As pessoas respeitam. Mas no Brasil ainda existe isso, mesmo que algumas pessoas não mostrem. A gente, além de não ter espaço adquirido, tem que lidar com isso. Eu vejo profissionalismo. Olho para a pessoa por esse lado. Isso é que interessa. Se você faz isso ou aquilo, diz respeito a você, é sua vida. Não tenho preconceito com ninguém. Cada um faz o que acha que deve fazer. Sou muito tranqüila quanto a isso.
FOLHA - Que tipo de homem você gosta? Curte algum galã? MARTA - Rodrigo Santoro, Reynaldo Gianecchini...
FOLHA - Você tem o mesmo empresário do Ronaldo [Fabiano Farah]. Como está sua vida comercial?
MARTA - A gente está começando agora, fizemos contrato no ano passado. Nos conhecemos por meio de um amigo meu que é amigo do Ronaldo. As coisas estavam ficando muito pesadas para mim. As pessoas estão me procurando, mas passo para o Fabiano. Está engatinhando.
FOLHA - Já se imaginou como modelo, garota-propaganda?
MARTA - Acho que modelo não dá para mim não, mas algum comercial a gente faz.

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