quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Boleiros festejam e críticos alertam para corrupção na Copa-2014

terça-feira, 30 de outubro de 2007 13:08 BRST

Por Tatiana Ramil

http://br.reuters.com/article/sportsNews/idBRN2948617220071030

SÃO PAULO (Reuters) - Grande parte dos "boleiros" está em festa com a confirmação do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, enquanto os críticos alertam para a falta de transparência e a eventual corrupção na gestão dos recursos para preparar o grande evento.
"Valeria a pena se tivesse gente séria, uma gestão transparente, com objetivos de melhorias sociais. Mas do jeito que está vai ser uma roubalheira", dispara o ex-jogador Sócrates, crítico da administração da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), presidida por Ricardo Teixeira há 18 anos.
Sócrates é um caso raro entre ex-jogadores, dirigentes, técnicos e atletas, que, em geral, aplaudiram a decisão da Fifa, anunciada nesta terça-feira.
Mario Jorge Zagallo, campeão mundial como jogador, técnico, e auxiliar-técnico, comemora a chance de o Brasil jogar um Mundial em casa depois de tanto tempo -- o país sediou a Copa de 1950.
Torcedor ferrenho da "amarelinha", Zagallo vê o sexto título mundial mais perto. "Das cinco Copas conquistadas, o Brasil não ganhou em casa. É o único (campeão mundial) que não ganhou em casa. Vamos ver se em 2014 repetimos o que os outros fizeram", disse ele à Reuters.
"Tem sete anos pela frente para construir estádios, principalmente no Nordeste, onde vai ter sede da Copa", acrescentou ele, sem querer entrar na discussão sobre de onde sairia o investimento.
A administração do dinheiro, no entanto, preocupa a comentarista esportiva e vereadora por São Paulo Soninha Francine (PPS). A confirmação do Brasil como sede da Copa deixa a vereadora dividida.
"Ao mesmo tempo que eu acho legal pela história que a gente tem no futebol, eu acho super temerário. Quando se fala de somas de dinheiro como o necessário para disputar uma Copa do Mundo e tudo que gira em torno dela, não tem como não temer pelo nosso histórico de corrupção no setor público, setor privado."
Soninha criticou a organização do futebol brasileiro, citando dificuldades para comprar ingresso e entrar e sair dos estádios. Ela se disse a favor do investimento do setor público em infra-estrutura, mas não em reformas de estádios.
Para Sócrates, a CBF não conseguirá recursos suficientes da iniciativa privada e o dinheiro "vai sair do nosso bolso mais uma vez", como nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em julho deste ano, quando o governo federal bancou a maior parte dos mais de 4 bilhões de reais gastos.
Um dos legados do Pan foi a reforma do estádio do Maracanã, que ainda assim segue fora dos padrões exigidos pela Fifa. O ex-jogador Bebeto elogiou, mas disse que "ainda tem a questão do estacionamento, da segurança".
"Tem que se fazer tudo conforme os padrões da Fifa...Não acredito em vexame não. Todos os eventos que a gente se propôs a fazer, a gente sempre fez muito bem. O Pan-Americano foi uma mostra do que pode ser feito", completou o atacante campeão mundial em 1994.

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