quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Estudo põe estádios em xeque

Folha de São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2007

sob suspeita

Pesquisa de sindicato aponta que 80% das arenas do Brasil precisam realizar reformas estruturais

Além da Fonte Nova, local da tragédia de anteontem, Mineirão, Couto Pereira e Olímpico têm problemas graves em suas estruturas

ADALBERTO LEISTER FILHOMARIANA BASTOSDA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONEDO PAINEL FC

A tragédia da Fonte Nova, no domingo, foi só um exemplo do que a falta de manutenção e de reformas adequadas em um estádio pode provocar. Condições precárias e problemas de segurança não são exclusividade da arena baiana.

Segundo estudo do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia), 80% dos principais estádios do Brasil, que será sede da Copa de 2014, carecem de reformas estruturais.Além da Fonte Nova, apontado como o pior entre os 27 avaliados, a pesquisa do Sinaenco ainda põe Mineirão, Olímpico e Couto Pereira entre os estádios que apresentam problemas mais graves em sua estrutura.

"Construídos em geral entre 1950 e 1970, as arenas brasileiras apresentam várias patologias por falta de manutenção. Em geral, são estruturas com prazo de validade vencido, que oferecem riscos até de desabamento. Armaduras expostas e corroídas, problemas de impermeabilização e falhas nas instalações são comuns em muitos dos estádios visitados", alerta o relatório da entidade.O Sinaenco analisou dois tipos de problemas estruturais: desgaste da construção, que deixam vigas e armação expostas, e deficiências do projeto original, que comprometem a funcionalidade e podem pôr em risco a segurança da torcida.

Segundo José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco, todos os estádios, exceto Maracanã e Engenhão, apresentam armação exposta devido à queda de placas de concreto. "Falta uma cultura de manutenção no Brasil", afirma Bernasconi, que representa 12 mil empresas do setor.

A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, vai propor audiência pública com os envolvidos na pesquisa para fazer um raio-X das arenas.Inaugurada em 1951, a Fonte Nova, recebe do governo baiano cerca de R$ 1 milhão ao ano para manutenção. Como comparação, o Pacaembu cuja capacidade é de aproximadamente metade da arena de Salvador, gasta R$ 1,2 milhão anual.No início do ano, o estádio baiano foi interditado devido a problemas no anel superior.

Segundo o diretor da Sudesb (Superintendência dos Desportos da Bahia), Raimundo Nonato, o ex-jogador Bobô, a interdição ocorreu por causa da queda de placas de cimento que fragilizaram a estrutura. "Nós interditamos e nós liberamos. Fizemos a reforma e liberamos o estádio. Estava tudo normal."A parte interditada foi reaberta gradualmente, e a arena teve média de público superior a 40 mil pessoas por jogo do Bahia na Série C do Brasileiro.

O Mineirão, apontado pelo Sinaenco como o segundo pior estádio do país, refutou ontem o estudo. Ricardo Raso, diretor de infra-estrutura da administração de estádios de MG, desqualificou a pesquisa dizendo que o arquiteto do sindicato fez visita rápida ao estádio."Tivemos 11 tipos de vistorias neste ano, de vários órgãos, como bombeiros e PM. Nosso estádio tem sido aprovado."

Nenhum comentário: