segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Torcida uniformizada motiva jogo de futebol

(18/11/2007)

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=488504

Limoeiro do Norte. “Chuta no gol, jumento”. A “sugestão” ao jogador em quadra vem da aposentada Margarida Tavares, deste município, assídua torcedora do Agenor, time de Limoeiro que leva o nome do comércio e comerciante que patrocina – “Agenor Emplacamentos”. A emoção era geral na final da Copa de Futsal da Lagoa das Carnaúbas, na semana passada, em Limoeiro do Norte. Famílias inteiras participam da festa esportiva. Era Agenor contra União Jovem, do município de Quixeré. A decisão favorável ao União demorou e só teve fim nos pênaltis.
Nas quadras comunitárias não existe arquibancada, só uma bancada comprida de cimento. Quem chega primeiro consegue ver tudo de perto, mas também tem a chance de levar uma forte bolada ou esbarrada do jogador sem freio que sair de quadra. Isso porque quadra e banco distam apenas um metro. Mas nada disso afasta a torcida.
Quando o jogo começa, é dada a largada para a gritaria feminina – curiosamente, nos jogos comunitários predominam as mulheres. A vendedora Socorro só vendia din-din (sorvete caseiro em saquinho) no pé da quadra, tão atenta que estava ao jogo. Quem quisesse comprar, que fosse até ela.

Vendas
Ainda assim, mal começava o segundo tempo e “já vendi tudo”. Outro vendedor saiu tão apressado que não pôde ter o nome anotado. Entrou na quadra para tomar satisfação com o juiz. Não havia violência, somente risada e a expulsão de quadra do ‘jogador a mais’. “Você não tá jogando não, macho”, bem lembrou o soldado PM, retirando o torcedor incoveniente do local.
O time da casa, “Agenor”, perdeu a final e ficou com o vice-campeonato, mas teve o apoio da torcida uniformizada, que depois de muita dúvida recebeu o nome mesmo de Torcida Uniformizada.

Feminina
Vale destacar que a torcida era feminina, pois formada por 50 mulheres, normalmente prima, esposa, cunhada, mãe ou filha de algum jogador. “Vamo fazer gol, vamo fazer gol”, grita uma torcedora. “Vai, meu filho”, grita outra mãe torcedora, a dona-de-casa, Maria de Fátima, mãe do volante Marcelo Freitas.

Arbitragem
Quem já ouviu de tudo foi o árbitro. A proximidade do torcedor dá mais clareza e indignação aos xingamentos. “Mas a gente não pode ligar, faz parte do futebol”, comenta Luciano Silva, policial militar e juiz de futebol com direito a carteirinha da Federação Cearense de Árbitros. Luciano destaca o bom nível do futebol nas comunidades e a organização das atividades esportivas.
Embora seguindo as regras, fim de campeonato é quase um vale-tudo para o torcedor. Depois de jogo normal e prorrogação, quem disse que se agüenta do lado de fora para acompanhar os pênaltis?´

É campeão!´
A torcida vai para o meio da quadra, tão perto do jogador que dá uma tapinha nas costas antes de este chutar para o gol. Ao final, é todo mundo (os vencedores, óbvio) pulando com garrafas de água, refrigerante ou cachaça no meio da quadra. O grito agora é: “É campeão!”.

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