domingo, 31 de maio de 2009

Após tempo perdido, definição das sedes vira 'marco zero' para Copa-2014

31/05/2009 - 07h00



http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2009/05/31/ult59u198662.jhtm

Thales Calipo, Em Nassau (Bahamas)


Quando o Brasil foi oficializado como palco da Copa do Mundo de 2014, em outubro de 2007, o país contava com pouco menos de sete anos para se adequar aos padrões exigidos para receber a competição. Neste domingo, 19 meses depois, os brasileiros terão o 'marco zero' do Mundial, com o anúncio das 12 sedes, e já preparam uma corrida para recuperar o tempo desperdiçado.

Estão na disputa as cidades de Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Independentemente do resultado, que será anunciado em Nassau, nas Bahamas, por volta das 15h30 (horário de Brasília), o tempo é curto e a lista de obrigações é longa.

Com a demora para a análise das 17 candidatas por parte da Fifa, a maioria dos projetos permanece apenas no papel. Assim, projeções de custo no médio e longo prazo, a essa altura, acabam se tornando meros chutes das postulantes.

Dessa forma, quando as definições concretas forem realmente tomadas, o cenário não será dos mais animadores. Para começar, todos os estádios que receberão partidas oficiais serão reformados ou construídos totalmente, como já afirmou, por diversas vezes, o presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira.

O problema é quem vai ficar com essa conta. Na teoria, estádios particulares, como o Beira-Rio, do Internacional, ou o Morumbi, do São Paulo, deverão ser adequados apenas com dinheiro angariados pelos clubes. As cidades que não contam com esse modelo falam em parcerias com a iniciativa privada, mesmo que os investidores ainda acenem timidamente para essa possibilidade. Como o governo federal afirmou que não colocará dinheiro em arenas, a salvação para muitos será a ajuda estadual.

"O nosso estado já tem um orçamento aprovado de R$ 4,7 bilhões até 2014, e nele está incluído a reforma do estádio, caso não consigamos fechar uma parceria", afirma Ariovaldo Malizia, membro do grupo-tarefa de Manaus criado para a Copa. A capital amazonense tem um projeto de modernização do Vivaldão orçado em R$ 600 milhões, o mais caro entre as postulantes.

O Planalto, no entanto, não ficará fora da gastança. Assim como aconteceu no Pan, quando o governo federal teve de arcar com mais de 50% da conta final, a Copa do Mundo não deve ser diferente. Somente nos aeroportos, por exemplo, a Infraero poderá injetar até R$ 5 bilhões para duplicações de pistas, ampliações de terminais de passageiros, e outras obras necessárias para evitar um novo "apagão aéreo", desta vez aos olhos da opinião pública mundial.

Para o setor de infraestrutura, o governo federal pretende anunciar ainda em junho um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) exclusivo para as cidades envolvidas com a Copa do Mundo de 2014. A medida, no entanto, também não é garantia de que as sedes estarão totalmente aptas para o Mundial, já que, segundo levantamento da ONG Contas Abertas, apenas 3% das obras previstas pelo PAC "original" foram concluídas em dois anos.

Mesmo que todas as reformas e construções previstas sejam concretizadas, resta outro problema, desta vez para todas as esferas públicas: a elevação das estimativas iniciais de gastos. Como os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, ensinaram, nem sempre o que é somado no começo do processo termina da mesma forma.

Para evitar isso, as vencedoras na escolha deste domingo farão uma reunião em Brasília nas próximas semanas para deixar claro quanto cada uma das esferas públicas irá gastar para, desta forma, deixar os imprevistos apenas para os gramados da Copa do Mundo.

"O Pan foi uma lição para nós. O governo federal assumiu contas que não eram dele e isso não acontecerá com a Copa de 2014. Vamos exigir matriz de responsabilidade de cidades e estados que querem receber jogos da competição", costuma repetir o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr.

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