segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Copa 100% segura será impossível, afirma ministro

Tarso Genro, que se reúne hoje com a Fifa, diz que entidade só está preocupada com a segurança dos estádios em 2014

Para governo, Exército na rua, como no Pan-07, pode ajudar, mas projeto prevê legado mais duradouro para a polícia após eventos no Rio

Folha de São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009
LUCIANA COELHO,ENVIADA ESPECIAL A BERNA

O Brasil quer mostrar à Fifa que investe em uma mudança de paradigma na segurança nacional e que, como afirma nas demais áreas, mira um legado duradouro após a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Mesmo assim, diz o ministro Tarso Genro (Justiça), não é possível eliminar o risco de um incidente como o ocorrido no mês passado no Rio, quando um helicóptero da Polícia Militar foi abatido por traficantes. "[Risco] vai ter sempre, nos países mais desenvolvidos vai ter, como já ocorreu", afirmou Tarso à Folha, ontem.
O ministro se reúne hoje com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em Zurique, para tratar do tema. Ele diz que foi o país que pediu a reunião, sem pressão da Fifa, que minimiza o problema também na África do Sul -sede em 2010. E diz que o Exército poderia ir às ruas no evento, como paliativo.




FOLHA - O que o sr. vai apresentar à Fifa amanhã [hoje]?
TARSO GENRO - As medidas que estamos tomando em relação a [Olimpíada de] 2016 e [à Copa do Mundo de] 2014, as medidas legais para apressar essa mudança de paradigma da segurança pública na reforma das polícias, na melhoria das condições salariais dos policiais. Queremos esse legado.

FOLHA - Quatro anos são suficientes para tanto?
TARSO - Para implementar a mudança sim, não para completá-la. Começamos há um ano e meio, quando foi aprovada pelo Congresso Nacional a legislação do Pronasci [Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania]. Dobramos os recursos do Ministério da Justiça com segurança e começamos a trabalhar com os Estados. Temos condição de chegar em 2016, 2014 em trânsito, com o paradigma mudado. A realização de um evento desse tipo não é problema, pois se eu ponho o Exército nos pontos estratégicos, se dobro o tempo dos policiais, você dá segurança, como ocorreu no Pan [de 2007, no Rio de Janeiro].

FOLHA - Mas sempre há risco de um incidente como foi...
TARSO - Sim, mas isso vai ter sempre, nos países mais desenvolvidos vai ter, como já ocorreu. Os riscos vão existir sempre. O que nós queremos dessa feita é, com esses compromissos, utilizá-los também para o sistema de segurança pública do país para quando terminar a Olimpíada não voltar como antes, e seguir num grau de segurança cada vez mais aperfeiçoado. Isso será o trabalho de três governos. Acreditamos que o caminho está dado. Tanto que, quando apresentamos nosso anteprojeto da Olimpíada, a questão da segurança pública quase saiu da pauta. Eles aceitaram nossa proposta.

FOLHA - E agora, que questionamentos a Fifa tem feito? Há o modo como a mídia internacional tratou o helicóptero...
TARSO - São mais da segurança dos estádios. Na questão da cidade não há um questionamento, porque a experiência do Pan foi muito boa. Eles estão preocupados com a reforma dos estádios, com a integração dos diversos órgãos de segurança com estruturas de direção da Copa. O pessoal da Copa não tem colocado essa questão para nós como impeditiva. Eles sempre reconheceram os esforços do país.

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