quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

MP sugere torcida 'à paisana' e cobra aprovação de projeto antiviolência a Lula

13/01/2010 - 07h03


Bruno Thadeu, Em São Paulo


O Ministério Público alardeia ter controlado incidentes dentro dos estádios de São Paulo e vê como principal foco de violência os itinerários dos torcedores, a quilômetros de distância das praças esportivas. Um dos idealizadores do projeto de criminalização de atos considerados meros delitos, o promotor Paulo Castilho defende a descaracterização da torcida de time visitante e o cadastramento nacional dos torcedores.

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O promotor reforça a tese de que o torcedor de time visitante é uma presa em potencial: geralmente desconhece trajetos considerados perigosos e regularmente está em menor número.

A proibição de torcedor com uniforme de time visitante evitaria um incidente grave, acrescenta Castilho.

“É injusto permitir a entrada apenas de torcedores do time da casa, como ocorre na Argentina. Queremos sim a descaracterização do torcedor do time visitante, evitando repetir cenas como ocorridas em Minas, quando um torcedor do Atlético foi atropelado após ser identificado por vários torcedores do Cruzeiro”, expôs Castilho, durante reunião com representantes da Federação Paulista, Polícias, líderes de uniformizadas e outras autoridades, na terça-feira, no Fórum Criminal.

Presente no auditório, um torcedor questionou a ideia de torcida visitante sem uniforme propagada por Castilho, alegando que o torcedor “do bem” poderia ser confundido com um baderneiro.

Uma vez vestido com o uniforme do clube, o torcedor que incitar violência será identificado com mais facilidade, evitando que outro torcedor “à paisana” seja agredido por engano.

No encontro com pessoas envolvidas, o promotor apontou como principais “manchas negativas” em 2009 as emboscadas ocorridas na Marginal Tietê, quando um corintiano foi morto por torcedores do Vasco, além de confusões em região residencial de Santos e no Largo Paissandu, em São Paulo, áreas afastadas dos estádios.

“Posso assegurar que a violência dentro dos estádios foi controlada graças a inúmeras ações. O problema está nos itinerários”, acrescenta Castilho.

O projeto de criminalização prevê que alguns delitos sejam considerados crimes. Um torcedor que portar objetos considerados de riscos (correntes, pedaços de madeira) responderia criminalmente, mesmo que não ataque outras pessoas. Atualmente, esse indivíduo dificilmente seria preso. O texto também tem alvo o cambista. Caso flagrado, ele poderia ser condenado até dois anos de reclusão, mais multa.

O projeto que visa aumentar o cerco a torcedores considerados violentos está em fase final de tramitação no Congresso, em Brasília.

“Voltaremos a cobrar o ministro Orlando Silva [do Esporte] para que o projeto seja sancionado pelo presidente Lula o quanto antes”.

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