sexta-feira, 20 de abril de 2007

Racismo: O jogo apenas começou

A revista Trivela tem na sua edição atual, Nr 14 – Abr 07, uma reportagem sobre os dois anos do caso Grafite – Desábato e o racismo no futebol brasileiro. A leitura é recomendada pela UTB.

Trecho:

Além do racismo
O próprio Tinga aponta a distribuição de renda como um problema ainda maior no Brasil. Segundo ele, se você é negro e tem dinheiro, como Pelé, não sofre preconceito. “Ninguém vai barrá-lo em lugar nenhum”, diz. A antropóloga Ana Paula da Silva discorda. Segundo ela, na tese que desenvolve sobre a atuação do “Rei do Futebol” em questões raciais será discutida exatamente essa questão: “O pensamento, hoje em dia, é exatamente o mesmo do Pelé, de que se você tem dinheiro será bem aceito, o que é uma bobagem, pois negros com posição social alta e poder aquisitivo bom continuam sofrendo discriminação”. Jeovânio que o diga. Dias antes do episódio com Antônio Carlos, então jogador do Grêmio foi a um shopping de Porto Alegre com sua família. Ao estacionar seu carro, da marca alemã Audi, ouviu de um cliente: “Com um carrão desses, só podia ser jogador de futebol”.
A cor da pele não é o único fator na qual o preconceito se perpetua no Brasil. Atletas e técnicos nascidos nas regiões Norte e Nordeste também são frequentemente vítimas de ofensas, no Sul e Sudeste. Nascido em Santo André, Adauto, que hoje joga em Recife, relembra alguns xingamentos dirigidos a seus companheiros que ouvia quando jogava no ABC paulista: “Os mais comuns eram ‘Vai, volta pro Nordeste! Seu negócio é comer farinha, seu baiano!’”.

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