quarta-feira, 6 de junho de 2007

A nova cara da torcida tricolor

Conheça um pouco mais sobre a "Legião Tricolor", grupo que está virando moda entre os tricolores e inovando no modo de torcer nas arquibancadas

http://www.canalfluminense.com.br/index2.php?page=sisnews/lerint.php&id=3403

05/06/2007 - 01:55, Thiago Trindade

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Canal Fluminense: Como, onde e por que surgiu a idéia do Movimento?

Legião Tricolor: Ele surgiu por vários fatores, como a inércia da nossa torcida com relação a músicas novas e o fato dos torcedores mais vaiarem o time do que apoiarem. Nossa torcida estava jogando mais contra do que a favor. Cada vez menos a torcida exaltava o nome do Fluminense e cada vez mais a torcida da década de 80 ficava apenas como uma mera lembrança Algumas pessoas não só perceberam isso, mas colocaram em prática a idéia de juntar um pessoal apaixonado pelo clube e tentar mudar essa atitude negativa, esse comportamento irritante que a torcida do Flu estava adotando. Surgiu, basicamente na Internet, quando eu (Mario Vitor) criei uma comunidade chamada “A verdadeira torcida tricolor”. Algumas pessoas aderiram à comunidade e o debate começou. A primeira reunião ocorreu num bar na Tijuca, no jogo contra o Gimnasia y Esgrima, pela Copa Sulamericana, em 2006. Compareceram menos de 10 pessoas, mas foi fundamental. Desde antes daquele dia passamos mais de uma semana convocando tricolores que nem conhecia, via Orkut, para o movimento. Criamos o estatuto de forma que todos os pontos ficassem "amarrados", de forma que a Legião nunca se tornasse uma Torcida Organizada. O primeiro jogo no estádio do Movimento, pasme, foi contra o São Caetano, em São Paulo. Se bem que ali estava mais embrionário mesmo. Pode-se considerar a estréia contra a Ponte Preta, no Maracanã, pelo Brasileiro. Em São Caetano foi mais uma coisa orquestrada pela SampaFlu, que é um grupo de tricolores exilados lá em SP.

Canal Fluminense: Que pontos "amarrados" seriam esses?

Legião Tricolor: Bem o estatuto, como disse, "amarra" o norte que tem que ser seguido. Como se fosse uma doutrina da Legião. Lá você define um movimento em que nenhum tricolor é discriminado, cujo uniforme é a própria camisa do clube, que não pretende rivalizar com ninguém e que, claro, tem como meta empurrar o Fluminense incansavelmente.

CF: Por que esse nome de Legião Tricolor?

LT: Bem, a coisa começou a andar mais ainda quando torcedores foram vendo a atitude na arquibancada e se aproximando. De lá para cá teve algumas reuniões no FlexCenter e uma eleição para que se escolhesse um nome para o movimento lá na comunidade. Nos preocupava muito isso do nome. Chegamos a colocar "Barratricolor” e “Pavilhão Tricolor”, mas “Legião Tricolor” ganhou e ficou. Foi um nome sugerido pelo Renato, um membro nosso. E pode-se dizer que caiu como uma luva, pois o significado de “Legião” é exatamente o que somos. No dicionário diz que é uma multidão, um ajuntamento de pessoas. O que significa dizer que somos um ajuntamento de pessoas que torcem pelo Fluminense, e que torcem incondicionalmente ao longo do jogo inteiro.

CF: Por que a Legião não pode ser considerada uma torcida organizada?

LT: Olha, a Legião não pode ser encarada como Torcida Organizada porque é um movimento bem popular, sem sede, sem CGC, nada disso. Não teremos, jamais, bandeiras que não sejam as do Flu, ou camisas que não sejam as do Flu. As organizadas, além disso, são uma instituição antiga, que tem o seu papel não é de hoje.

CF: Ultimamente nota-se uma mudança no comportamento das torcidas organizadas, com elas também exaltando mais o Fluminense do que o propriamente o nome delas. Vocês tiveram alguma influência nisso?

LT: Acreditamos que o time tenha dado mais alegria à torcida e isso modifica não só o comportamento do povão, como dos torcedores que participam das organizadas. Além disso, acho que as próprias Torcidas Organizadas têm autocrítica. Mudanças são sempre necessárias. Acho que a Legião faz o papel dela, que é o de empurrar o Fluminense. Se por acaso a gente estiver influenciando outras pessoas a fazer o mesmo, maravilha! Acho que o momento do time também está ajudando. Porque se a torcida é capaz de incentivar, é claro que o time empolga o torcedor. É uma via de mão dupla.
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CF: Ao contrário das torcidas organizadas, vocês não recebem ingressos da diretoria e não existe uma mensalidade entre os integrantes. Como vocês fazem para conseguir verba para deixar a festa da torcida mais bonita nas partidas e sempre ter bom grupo de torcedores nas arquibancadas?

LT: Da mesma maneira que o as organizadas fazem: contribuições. A maneira que eles arrecadam a contribuição que é diferente da nossa, mas no final tudo é contribuição. Imagina uma sociedade perfeita na qual as pessoas contribuem com o que pode, sem obrigatoriedade, mas apenas por amor e prazer de ajudar. É isso. É mais mutirão, entende? E as pessoas contribuem! A espontaneidade é a nossa marca. Quer levar bandeira? Leve-as. Quer cantar música nova? Leve-a ao estádio e nos ensine.
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CF: Como é o relacionamento com as organizadas? Alguma delas já procurou fazer alguma parceria com vocês?

LT: Tudo que é novo causa desconfiança. Mas tudo que é feito com honestidade, carinho, dedicação, humildade e transparência é reconhecido. Tivemos algumas divergências no início, mas que foi rapidamente contornado. Nossa relação com as organizadas é a mesma que o restante da torcida do Flu tem: maravilhosa! Aliás, queremos que elas cresçam cada vez mais e cantem o jogo inteiro! Afinal, o Fluminense somos todos nós! A “Young Flu”, por exemplo, canta o "Horto Magiko". Nossa amizade aconteceu naturalmente. Muitas pessoas que estão atuando no movimento são amigos, amigos mesmo, de pessoas da TYF. Ficou mais fácil, aliás, todos nós aprendemos a torcer com a “Young Flu” e com a “Força Flu”. Sempre tem um conhecido nelas.

CF: Por que vocês escolheram ficar na arquibancada amarela?

LT: Para isso existe uma resposta direta e sociológica. Diretamente, foi porque testamos vários lugares e o melhor foi ali. A sociológica é de que, levando em consideração o nosso intuito, não poderia ter lugar mais perfeito do que as amarelas, que são conhecidas pelas cadeiras dos torcedores que ficam sentados e não cantam. Nas verdes, as pessoas são empolgadas por natureza e, se mudarmos a amarela, mudaremos toda a torcida do Flu. E já estamos vendo a amarela de pé algumas vezes.

CF: Para os torcedores interessados, o que fazer para se juntar à Legião Tricolor?

LT: Basta ir ao Maracanã, empurrar o Flu, encher o peito e gritar bem alto “Neennnnnseeeeeeeeeeeeeeee”. Nem precisa ficar com a gente.
Mario Vitor Rodrigues e Leonardo Bagno

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