sexta-feira, 29 de junho de 2007

Preconceito no esporte é hipocrisia

JUCA KFOURICOLUNISTA DA FOLHA

http://blogdojuca.blog.uol.com.br/

A porcentagem de heterossexuais entre atletas é exatamente igual à que existe entre jornalistas. Ou nas Forças Armadas, ou na classe artística, entre médicos, engenheiros e advogados.Ou cartolas. A de homossexuais e bissexuais também.
A diferença está na maneira como cada corporação aceita ou não as minorias.
E a do esporte é quase tão conservadora, para não dizer reacionária, como a dos militares. Daí ser raro que alguém assuma tal condição, por temer rejeição diante do preconceito.
Não é muito diferente da reação diante da nudez de uma mulher que viva no esporte ou da punição exagerada a que é submetida uma bandeirinha -que errou como erram os árbitros, impunes. Aí tem a ver também com o machismo.
Vampeta pode posar nu, Ana Paula, não. Ana Paula não pode errar, Carlos Eugênio Simon pode.
O homossexualismo no esporte só é problema quando significa assédio aos jovens, algo muito comum, e escondido, nas categorias de base. Porque, com freqüência, menores são forçados a fazer o que não querem.
De resto, deveria ser encarado com absoluta normalidade, como fazem os jornalistas, os artistas, enfim.
Lembremos, por sinal, que não existe opção sexual. As pessoas são como são porque nasceram do jeito que são.Ficar escandalizado hoje com algum atleta que assuma sua condição homossexual não é muito diferente do escândalo que causaram os clubes pioneiros em aceitar jogadores negros em suas fileiras no início do século 20.
Ao contrário, o fim da hipocrisia é algo a ser saudado, até porque o mundo do esporte está cansado de saber quem é quem, apesar de guardar seus segredos de polichinelo em caixas-pretas indevassáveis.
Virá em boa hora, se vier, a abertura de mais uma.
Como a do doping, esta sim nociva à saúde e ao espírito esportivo.

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