sábado, 28 de julho de 2007

Os torcedores vão à guerra

UTB: Deve ser culpa das torcidas organizadas!

Artigos - [16h20 28/07/2007]

por Fátima Murad

http://www.olhao.com.br/artigos_28072007162004.shtml

Se depender da opinião dos atletas participantes dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, dificilmente o Brasil emplacará sua candidatura a sede das Olimpíadas.
O comportamento agressivo de grande parte da torcida, que foi aos estádios para vaiar todos os que não fossem brasileiros, e que chegou a prejudicar o desempenho mesmo de nossos esportistas, arranhou profundamente a imagem do país.
Foi um atleta paulista, Ivan Scolfaro Silva, de São Bernardo do Campo, quem melhor sintetizou o mal-estar provocado pela torcida: "Foi terrível. O Brasil nunca mais vai trazer uma competição importante. O principal é espírito olímpico e isso não é espírito olímpico. Se quiser trazer Olimpíadas, o Brasil vai ter que mudar a cultura do povo, e isso é muito difícil", declarou.
A mexicana Rosário Espinoza, medalha de ouro no taekwondo, fala pelos estrangeiros: "Os brasileiros são muito hospitaleiros, mas, quando começa a competição, tudo muda", disse.
Não bastassem as vaias e os gestos obscenos que essa atleta recebeu da platéia ao derrotar sua concorrente brasileira, ela não conseguiu sequer ouvir o hino de seu país. Que também foi vaiado. Algo que nunca seu viu antes, em nenhum lugar do mundo.
Cenas degradantes como essa se repetiram em praticamente todas as modalidades. Nas competições de ginástica artística, era o campeão do basquete, Oscar Schmidt, comandando o coro de "vai cair, vai cair" contra os adversários. No judô, mais vaias, objetos lançados nos árbitros e até pancadaria. No atletismo, o barulho nas arquibancadas confundindo os corredores que não conseguiam ouvir o tiro de largada. Cavalos assustados nas competições hípicas.

Que Brasil é esse?

Para o psicanalista Flavio Gikovate, a agressividade dos torcedores revela um profundo complexo de inferioridade. As pessoas vão a uma competição esportiva como quem vai à guerra. Não vão para assistir a um espetáculo. Vão para descarregar suas frustrações.
As conseqüências disso todos já conhecemos. Basta ver as constantes batalhas campais entre torcidas de futebol, que tantas mortes inexplicáveis já causou.

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