quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Mancha pode reassumir antiga sede

Folha de São Paulo, São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Após remoção de pessoas sem teto, prefeitura estuda devolver galpão na Barra Funda à organizada

EDUARDO OHATADA REPORTAGEM LOCAL

A Subprefeitura da Lapa estuda devolver à organizada Mancha Alviverde o galpão de onde foi desalojada há cerca de dois anos, segundo a Folha apurou. O local, de propriedade do município, vinha sendo ocupado por um grupo de pessoas sem teto vindo do Cambuci.A reportagem esteve no galpão e verificou que o grupo sem teto foi retirado de lá. O local, que ainda traz pintado nas paredes "
"Mancha Verde", foi limpo, lacrado e parece pronto para ser reocupado. A Mancha Alviverde foi retirada do local pela prefeitura, pois ocupava de maneira irregular o galpão.
Foi mais um capítulo do atribulado histórico entre as organizadas e o poder público, que atingiu o ápice em 1995, quando, por iniciativa do Ministério Público, as organizadas Mancha Verde (do Palmeiras) e Independente (do São Paulo) foram extintas depois que batalha campal no Pacaembu teve como saldo a morte de um torcedor. As torcidas organizadas, então, tiveram de ser rebatizadas para prosseguir na ativa.
Até hoje o poder público busca uma forma de coibir a violência entre as organizadas.Trabalhadores da área de reciclagem que ficam no galpão anexo àquele já desocupado dizem que a Mancha Alviverde já avisou que voltará para lá."
"Primeiro, a subprefeitura esteve aqui e tirou o pessoal do galpão ao lado. Há 30 dias, aquele [Paulo] Serdan, [da liderança] da Mancha, esteve aqui e falou que está voltando. Ele falou que os moradores de rua que estavam alojados aqui ao lado receberam indenização e foram embora", afirmou Ezequiel Dutra, diretor administrativo da Coopersoma, cooperativa de reciclagem de lixo."
"Mas, antes de ir embora, o Serdan disse que a subprefeitura é que decidirá o que fará com esse [galpão] onde estamos."
Outra pessoa ligada à cooperativa questionou por que está sendo instalado um relógio de luz no galpão ao lado e o local onde trabalham não conta com eletricidade, água ou banheiro.
Procurada desde segunda-feira pela reportagem, a subprefeita da Lapa, Luiza Nagib Elouf, não quis se pronunciar -tampouco seu chefe-de-gabinete, Eloi Murari, presidente do diretório zonal da Lapa do Partido Verde. Um assessor do gabinete disse que não poderia dizer se a Mancha Alviverde voltará ou não ao galpão.Ele justificou que o destino do local "
"está em estudo" e que a subprefeita apenas se pronunciará após sua conclusão.
Serdan, que disputou as eleições a deputado estadual pelo Partido Verde, nega que tenha dito que a Mancha voltará ao local, mas admite que visitou o galpão e, após criticar a antiga administração da subprefeitura, admitiu conhecer Murari."
"Fui lá para ver o estado em que ficou o local após os sem-teto saírem, pois investimos R$ 2,3 milhões lá. E, de fato, conheço o Eloi, mas não quer dizer que ele está fazendo favores para a gente", afirmou Serdan."
"E o galpão serviria para a escola de samba [Mancha Verde], não para a [torcida] Mancha Alviverde. Você pode até dizer que os freqüentadores são os mesmos palmeirenses, mas essa já é uma outra discussão."

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