domingo, 21 de outubro de 2007

Maracanã: os bastidores da festa circense

18/10/2007 - 09h36m

Teve de tudo nos arredores do estádio: palhaço, malabarista, belas, feras e mico

Fabrício Costa Do GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro

http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/Selecao_Brasileira/0,,MUL152242-4482,00.html

Como num espetáculo circense, a alegria foi o ponto alto da festa na goleada do Brasil sobre o Equador, por 5 a 0, na última quarta-feira, no Maracanã. Nos arredores do estádio, a confraternização dos torcedores era contagiante. Seja em frente à estátua do Bellini, na rampa da Uerj ou nos barzinhos ao redor do grande palco. Todos pareciam viver a magia do circo, num clima para lá de descontraído

A harmonia mágica
“Mágica, não. Civilidade” Assim o tenente Rodrigo Rodrigues, da Tropa de Choque da PM, começa explicando o motivo de não ter registrado ocorrência no entorno do Maracanã. Surpresa? Nada disso. O comandante de 25 policiais, que têm capacidade para dispersar até 2 mil torcedores, confessa.
- Na verdade, o que estraga o futebol são as torcidas organizadas. Quando elas são monitoradas e impedidas de virem com camisas uniformizadas, presenciamos isso ai: a paz.

Alegria
O radialista Renato Costa, de 37 anos, jura conhecer cada canto do Maracanã. Fruto de 15 anos de trabalho nas rádios Continental, Bandeirantes e Tropical. Mas no jogo do Brasil contra o Equador, na última quarta-feira à noite, se propôs a uma causa nobre. Ele se vestiu de palhaço para chamar a atenção de quem passava e pedir às pessoas que doem sangue.
- Além de vender rádios, também tento conscientizar as pessoas que não se compra sangue nas farmácias. Uma paralisia infantil não me permitiu praticar esportes. No entanto, transformei me numa pessoa mais solidária – conta o Palhaço Maracanã, horas antes de entrar no estádio.

O Malabarista
Funcionário de uma lanchonete em Copacabana, Ivan Avelar, de 31 anos, também bate ponto no Maracanã. Ele vende cornetas, chapéus e cangas, a fim de equilibrar o orçamento familiar no fim do mês.
- Até comprei ingresso para a partida do Brasil contra o Equador. Mas, em cima da hora, vendi. Tenho que ganhar dinheiro, e não ficar sem grana num jogo como esse.

O leão e as feras
O Juizado Especial Criminal (Jecrim), que funciona dentro do estádio, ficou boa parte do tempo às moscas. Não que o juiz Edmar Romani estive fora de circuito. Mas ele só registrou uma ocorrência conjunta. Vinte homens foram pegos, em flagrante, cometendo crime contra a economia popular. As “feras” ficaram trancadas num microônibus da Polícia Militar por atuarem como cambistas ou flanelinhas. E, assim que terminou a partida, foram liberadas por não apresentarem antecedentes criminais.

As belas
As estudantes Kelly Pires, Carla Brito e Monique Andrade não conseguiram comprar ingressos para a partida. Mas fizeram questão de assistir ao jogo em um bar próximo do estádio. Tudo para entrar no clima da festa.
- Achei o ingresso caro e não tive disposição para enfrentar as filas quilométricas. Além de torcer por uma vitória da seleção, vim apreciar o Kaká, que é muito lindo – diz a flamenguista Carla Brito.

O Mico
Quarenta e dois torcedores tiveram os carros rebocados pela CET-Rio por estacionarem em cima das calçadas ou em filas duplas. A operação, que envolveu 18 guinchos e aconteceu de 16h às 23h, foi considerada anormal pelo presidente do órgão, Marcos Paes.
- Todos foram avisados que, diferentemente do que se vê nos clássicos cariocas, a CBF e a Suderj pediram para não haver estacionamento ao redor do Maracanã. Agora, os infratores terão que pagar multas que variam de R$ 86 (parar em local proibido) a R$ 127 (estacionar em cima da calçada), além de uma taxa de R$ 118 no depósito, que fica na Rua Benedito Hipólito, no Centro (ao lado do sambódromo) – afirma Marcos Paes, que considerou a atitude desses condutores uma afronta à lei.

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