Há lugar para todos?
Publicada em 09/11/2007 às 17h20m
Allan Caldas - O Globo Online
http://oglobo.globo.com/esportes/brasileiro2007/mat/2007/11/09/327101405.asp
RIO - É uma questão simples de matemática: com 81.884 ingressos já vendidos para Flamengo x Santos e uma média de público não pagante que tem beirado as 10 mil pessoas em partidas do rubro-negro no Maracanã , não é exagero acreditar que o total de torcedores no jogo de domingo pode ser maior que a capacidade do estádio, de 86.100 lugares. A garantia antecipada de novo recorde de público do Campeonato Brasileiro está sendo comemorada pelo clube da Gávea, mas deixa no ar a preocupação com a segurança de quem vai assistir ao principal confronto da 36ª rodada, entre dois times que sonham com a classificação para a Libertadores 2008.
No entanto, a própria Superintendência de Esportes do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) reconhece: não é possível prever e tampouco evitar uma eventual superlotação. O motivo, diz a Suderj, é a formulação das leis de gratuidade de acesso a praças esportivas do Rio de Janeiro, que não prevê limites para a entrada de crianças, idosos e portadores de necessidades especiais. Numa hipótese exagerada, se 10 mil crianças menores de 12 anos decidirem ir ao mesmo jogo, já ocupariam quase um terço dos 35 mil lugares nas cadeiras azuis, local destinado aos torcedores que entram sem pagar.
Mesmo reconhecendo a importância social do passe livre, o órgão que administra o Maracanã defende um maior controle de quantas pessoas poderão entrar gratuitamente por jogo.
- As leis de gratuidade deveriam estabelecer um percentual máximo de entradas gratuitas em relação ao número de ingressos vendidos, para que não se repita o que aconteceu no jogo entre Brasil x Equador (pelas Eliminatórias, dia 17 de outubro) - diz a Suderj, através da sua assessoria de imprensa.
Após aquela partida, que levou 85.071 torcedores ao Maracanã, sendo 8.504 não pagantes, a Suderj recebeu reclamações de pessoas que compraram ingressos para as cadeiras azuis e não tinham onde se sentar - nesse caso, também contribuiu para o 'aperto' a área destinada exclusivamente aos convidados da CBF, montada naquele setor.
Roberto Dinamite não descarta limitar gratuidade
Presidente da Comissão de Esportes e Lazer da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, o deputado Roberto Dinamite (PMDB) não descarta a possibilidade de rever as leis de gratuidade, para incluir um limite ao acesso, mas antes quer discutir o assunto com a Suderj.
- Pode até haver esse percentual, desde que a Suderj nos mostre que o problema (do alto número de não pagantes) é a gratuidade. Eu não descarto (a liminação de acesso grátis), mas quero conversar com a Suderj antes de tudo. É preciso ressaltar também que a gratuidade a crianças, idosos e portadores de deficiência facilita a volta das famílias ao estádio e a diminuição da violência. Existe esse lado social - declarou o ex-craque vascaíno.
A Suderj também cita a valorização do ambiente famíliar no Maracanã para explicar e justificar o aumento do número de pessoas que não compram ingresso: nos últimos quatro jogos do Flamengo no estádio, 236.821 pagaram para entrar, e 39.775 não. Uma relação de um não pagante em cada sete torcedores, que não incomoda a Suderj.
- Isso mostra que as famílias estão voltando ao estádio. As pessoas estão trazendo seus filhos, e até os idosos estão freqüentando mais o Maracanã - afirma o órgão, via assessoria de imprensa.
Gratuidades representaram 40% dos não pagantes no último jogo
No último jogo do Flamengo no Maracanã - vitória de 2 a 1 sobre o Corinthians, dia 31 de outubro, com público total de 72.062 pessoas -, 10.036 torcedores entraram gratuitamente. Segundo o borderô divulgado pela Suderj, as gratuidades 'sociais' representaram cerca de 40% do público não pagante - 3.212 menores de 12 anos; 513 maiores de 65 anos; e 523 portadores de necessidades especiais, esses dois últimos previstos em leis estaduais. Completaram esse quadro o público que possui ingressos comprados anualmente (1.243 camarotes e 2.785 cadeiras perpétuas) e os que receberam entradas de cortesia da Federação Estadual de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), Suderj e clubes (1.776 convidados).
Assessor de imprensa da Federação, o jornalista Pedro Costa não teme que o público total de Flamengo x Santos ultrapasse a capacidade do Maracanã. Na opinião dele, um controle rigoroso da venda de ingressos feito pelos clubes, que evite a falsificação de bilhetes, é suficiente para evitar a superlotação. A respeito da carga de ingressos para Flamengo x Santos, muito próxima ao limite do Maracanã, Pedro Costa afirmou que o número total de entradas disponíveis para venda é de responsabilidade do clube mandante da partida, no caso o Flamengo.
- A Federação não determina a carga de ingressos. O clube apenas nos comunica a quantidade de ingressos que quer, para efeito de controle - afirmou ele.
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