sábado, 10 de novembro de 2007

Torcida paga caro para ver a seleção contra o Uruguai no Morumbi

10/11/2007 - 09h53 , PAULO COBOS da Folha de S.Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u344385.shtml

Ver a seleção brasileira no Morumbi, contra o Uruguai, tem um preço. E ele é muito mais salgado do que nas eliminatórias para a Copa-2010 no resto da América do Sul.
Pela lista de preços anunciada por CBF e Federação Paulista ontem, a entrada mais barata (na geral, atrás dos gols no anel inferior do estádio) vale R$ 30. A venda das entradas começa hoje, às 10h, em oito postos espalhados na capital paulista e na região metropolitana.
Pelo câmbio atual, isso equivale a US$ 17. Nenhum país do continente cobra tanto por seu ingresso mais barato.
O valor médio nos outros nove países que jogam o qualificatório mundial fica em US$ 9 --na Argentina vale só US$ 5.
Os que chegam mais perto do valor brasileiro são Chile e Equador, que estipularam em US$ 15 a entrada mais barata.
Só que o Chile, segundo dados coletados pelo governo americano, tem uma renda per capita (de acordo com o poder de compra) estimada em 2006 de US$ 12.600. No caso brasileiro, esse valor, segundo a mesma fonte, é de US$ 8.800.
O Equador também tem uma particularidade que ajuda a explicar o preço próximo ao cobrado pelos brasileiros. O país tem hoje sua economia dolarizada, o que encareceu muito o custo de vida.
A comparação das entradas mais caras também é ruim para o torcedor brasileiro. O setor VIP para o jogo contra o Uruguai custa R$ 200, ou quase US$ 115. O ingresso de maior valor para o jogo entre Argentina e Bolívia, em Buenos Aires, pela terceira rodada das eliminatórias, vale menos de US$ 40.
Alguns países fazem promoções para baratear as entradas. Equador e Colômbia, por exemplo, vendem pacotes para dois jogos, o que reduz o preço de cada partida em 25%.
As arquibancadas centrais no Morumbi para Brasil x Uruguai custam R$ 80. Com esse valor, convertido para euros, é possível comprar uma entrada nos setores mais baratos do Santiago Bernabéu para um jogo do Real Madrid pelo Espanhol.
Cobrando caro, a CBF consegue, com a bilheteria das eliminatórias, valores até superiores ao que alcança de cota por seus amistosos, cujo valor hoje é prejudicado pelo real valorizado em relação ao dólar.
No jogo contra o Equador, no Maracanã, com o preço dos ingressos mais baratos do que para o confronto no Morumbi contra os uruguaios, a arrecadação bruta ficou em R$ 2,173 milhões, ou US$ 1,24 milhão. Na média, um amistoso da seleção pentacampeã na Europa vale hoje US$ 1 milhão.
A CBF se aproveita do longo tempo que equipe ficou sem jogar no seu país.
O time passou sete anos sem atuar no Rio antes encarar o Equador. Os paulistas não têm a oportunidade de ver um jogo de eliminatórias desde 2004, quando o time nacional ganhou da Bolívia no Morumbi.
Em 2005, na despedida de Romário, mas só com jogadores que atuavam na época em clubes locais, a seleção enfrentou a Guatemala no Pacaembu.

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