sábado, 1 de dezembro de 2007

Psicólogos temem reação negativa da torcida

30/11/2007 - 17h08 - Atualizado em 01/12/2007 - 18h35

Paixão de torcedor do Corinthians pode ter efeito negativo em caso de rebaixamento. Especialista em psicologia esportiva analisa conseqüências de "envolvimento tão intenso".
Daniel Santini Do G1, em São Paulo

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL199516-5605,00-PSICOLOGOS+TEMEM+REACAO+NEGATIVA+DA+TORCIDA.html

O Corinthians entra em campo pelo Campeonato Brasileiro neste domingo (2) ameaçado de cair para a segunda divisão. A possibilidade preocupa especialistas em comportamento que, em meio à paixão de uma das torcidas mais fanáticas do país, temem reações negativas caso o time seja rebaixado.


"Uma derrota pode gerar depressão coletiva", analisa a professora de psicologia Maria Regina Ferreira Brandão, coordenadora do grupo de Pesquisa de Psicologia de Exercício do Esporte da Faculdade São Judas Tadeu. "Essa paixão, como toda emoção, pode se tornar negativa. Seria um sofrimento geral. Sem falar que torcedores de outros times podem criar problemas. No último jogo [quarta-feira, 28], acordei com torcedores soltando rojão. Fui ver e tinha sido gol do Vasco, o Corinthians perdeu", diz a psicóloga.

"O envolvimento emocional é tão intenso que é quase como se o torcedor se despersonalizasse. Entrevistei um que dizia que não sabia como tinha tido uma explosão de raiva antes de entrar em uma confusão", completa. "A questão da paixão pelo esporte está ligada à possibilidade de se conquistar muitas coisas. É como se eu me sentisse um vencedor quando meu time vence e um derrotado quando perde. O rebaixamento seria como se eu perdesse a possibilidade de alcançar meus objetivos", resume.

Para o psicólogo e professor da USP Ailton Amélio da Silva, autor do livro "Mapa do Amor", o sentimento do torcedor em relação ao time é parecido com o de um casal. "A paixão, quando vem aliada a desequilíbrios, é perigosa. Só a paixão não. Tem pessoas que não foram bem socializadas, não adquiriram valores que permitem viver em grupo ou que sofrem de psicopatologias. Tudo isso pode explodir no amor e no esporte também", resume.

Assim como um rapaz apaixonado, o torcedor tem um envolvimento intenso com o time. "O fenômeno é parecido. Tem a idealização, a identificação. Em uma paixão, você idealiza, acha que é maior que os outros. Pensa: 'o meu tem qualidades que os outros não têm', acha que é capaz de qualquer sacrifício por aquela paixão", explica.

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