domingo, 22 de junho de 2008

Torcedores do Fluminense ficam cerca de 12 horas na fila e não compram ingressos

21/06 - 18:57, atualizada às 22:00 21/06 - Anderson Dezan, repórter do Último Segundo no Rio

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Repórter do Último Segundo — e torcedor do Fluminense — relata em primeira pessoa o calvário daqueles que tentaram em vão comprar ingressos para o jogo de volta da final da Copa Libertadores

RIO DE JANEIRO – Desorganização, tumulto e indignação. Essas foram as palavras que marcaram o primeiro e único dia de vendas dos ingressos para o jogo de volta da final da Taça Libertadores da América, entre Fluminense e LDU, no Maracanã, no dia 2 de julho.
Todas as 69 mil entradas colocadas à venda estão esgotadas. Muitos torcedores, como eu, ficaram 12 horas na fila e não conseguiram comprar ingresso. No meu caso, cheguei à fila às 4h da madrugada e saí às 16 horas, de mãos vazias. O resultado: ter ido a todos os jogos do tricolor carioca na competição que foram realizados no Rio e não poder participar da grande festa na final.
Os ingressos, com o valor acrescido em 100%, começaram a ser vendidos neste sábado em cinco pontos do Rio: nas sedes do Fluminense, do Flamengo, do São Cristóvão, do Olaria e na bilheteria 8 do Maracanã. A confusão começou na noite desta sexta-feira, quando a assessoria do clube informou que, ao contrário do que havia sido divulgado, as vendas para as arquibancadas só iriam ser feitas no Maracanã e na sede do Fluminense, em Laranjeiras, zona Sul do Rio. Os demais pontos de venda só iriam vender entradas para as cadeiras inferiores do estádio.
"Essa organização foi horrível. Fiquei semanas na internet procurando informações sobre o início das vendas. Assim que o esquema foi divulgado, organizei com amigos de irmos comprar os ingressos na sede do São Cristóvão, que fica próxima à minha casa. Na última hora houve essa mudança e tive que ir ao Maracanã onde a desorganização foi enorme", diz Daniel Flatron, torcedor que foi a todos os jogos da competição e terá que assistir à final pela TV.
No Maracanã, os torcedores começaram a chegar por volta das 22h da noite desta sexta-feira. Às 6h da manhã, a fila ia da bilheteria 8 do estádio, na avenida Radial Oeste, até a estátua do Bellini, na avenida Maracanã, onde dava meia-volta e retornava. Conforme programado, as vendas começaram às 8h da manhã e, poucos minutos depois, o tumulto já estava instaurado nas proximidades da bilheteria. Como já é costume no Brasil, muitas pessoas desrespeitavam os demais e furavam a fila sob os olhares de policiais militares. O mesmo acontecia com os cambistas, que agiam livremente no entorno do estádio e vendiam ingressos de estudantes para arquibancadas, que custavam R$ 40, por R$ 200.
"Um absurdo. Essa é a minha opinião sobre o dia de hoje. Os policiais ao invés de organizar, desorganizavam. Não havia um cordão de isolamento e uma fiscalização. A atitude deles era omissa, favorecendo a ação dos cambistas, que entravam várias vezes na fila e compravam diversos ingressos livremente. A regra previa a venda de duas entradas para cada pessoa", declara Ana Carolina Duque Estrada, torcedora que, como tantos outros, ficou horas na fila e saiu sem ingresso.
Por volta das 10h da manhã, começaram a surgir informações que os ingressos já haviam acabado em outros pontos de venda e que estavam terminando no Maracanã. Tal fato acirrou os ânimos de alguns tricolores que esperavam sob o sol quente. Ao meio-dia, muitos torcedores cansados e irritados com a omissão dos policiais, começaram a protestar dizendo que a Polícia Militar era a vergonha do Brasil. Houve tumulto próximo aos guichês de venda e os agentes utilizaram gás de pimenta para dispersar os torcedores, entre eles, crianças.
Às 16 horas, quando já não mais nenhum controle da fila, os policiais informaram que todos os ingressos haviam se esgotado. A confusão mais uma vez se instaurou no local e o clima ficou tenso. Era comum encontrar torcedoras chorando. Muitos tricolores começaram a protestar e houve empurra-empurra. Pessoas também reclamavam do fato de existir uma fila para idosos, já que eles podem assistir aos jogos nas cadeiras inferiores de graça. Segundo esses torcedores, os idosos entravam várias vezes na fila e alguns até vendiam ingressos ilegalmente.
"Infelizmente não consegui comprar meu ingresso. Cheguei à fila ainda de madrugada e fiquei com as mãos abanando. Em determinadas situações, próximo à bilheteria, nos trataram como bicho. Parecia que o ingresso estava sendo dado e não vendido pelo preço exorbitante que foi definido. Foi um total desrespeito com o torcedor por parte de todos os órgãos envolvidos, inclusive a diretoria do clube", reclama Rafael Sobral, torcedor que tentará conseguir um ingresso para a final do torneio com uma torcida organizada.

Diretoria do clube se pronuncia
Na sede do Fluminense, em Laranjeiras, a enorme fila de torcedores formada atrapalhou o trânsito e policiais tiveram de usar gás de pimenta para dispersar tumultos. Houve muita confusão e protesto quando o clube anunciou o fim dos ingressos para arquibancadas verdes e amarelas poucas horas depois do início da venda.
Em nota oficial, a diretoria do clube carioca lamentou o fato de vários tricolores terem ficado sem ingresso. Segundo o superintendente-geral do Fluminense, Carlos Henrique Corrêa, o clube está buscando soluções para que os torcedores não fiquem longe da decisão contra a LDU, no dia 2 de julho, no Maracanã. Uma das alternativas seria a instalação de telões em alguns lugares.
Corrêa lembrou ainda que, por obrigações contratuais, os 69 mil ingressos não chegaram às bilheterias.
"A Conmebol tem direito a 1.500, o Passaporte Tricolor fica com sete mil e a LDU recebeu 800, assim como nós no jogo de lá. Isso tudo será contabilizado na renda", frisou Carlos Henrique.

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