segunda-feira, 8 de junho de 2009

Túmulo do futebol

XICO SÁ

São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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De tanto proibir, São Paulo proibiu o torcedor de ir ao estádio, que se tornou uma praça dos vândalos
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AMIGO TORCEDOR , amigo secador, é triste, mas São Paulo, terra de muito samba, choro e rock'n'roll, está virando o túmulo do futebol. Foi a primeira a proibir cerveja, depois proibiu batucada, bandeiras... E, de tanto proibir, fez dos clássicos os incríveis jogos de uma só torcida. Palmas!
O pior: tantas proibições só proibiram a alegria, a prova dos noves do velho Oswald, o maior colunista de esportes da história paulistana (vide o jornal "O Homem do Povo"), e nada de proibir a dita cuja, a violência, essa dama bruta que toca o terror e sempre aparece travestida de velha da foice.
Proibir, aliás, é a única moral dos mandatários dos nossos tempos.
Quem não faz vai lá e proíbe, é bem mais fácil, sempre em nome das melhores das intenções e da cartilha do politicamente correto. Sim, a violência nos estádios e nos arredores não é monopólio de São Paulo, mas aqui o pânico tem sido frequente, como a emboscada, o pavor e a morte na noite gelada de anteontem.
De tanto proibir, proibiram o torcedor de ir a campo. Eles conseguiram. A praça é dos vândalos como o céu é do monóxido de carbono. Resta esperar o fim da novela mais chata do planeta, sentar a bunda no sofazão e ver o jogo pelos olhos das câmeras da TV, que manda nessa joça. Pelo menos uma boa lição disso tudo aprendemos: proibir não é o caminho, não adianta, talvez o segredo esteja no seu contrário. Em liberar geral, como na mais sensata, e ainda utópica, política antidrogas.
Vigiar e punir, essa obsessão barata, nunca foi o truque, só provocou mais desgraças mundo afora.

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