sábado, 21 de abril de 2007

Saudade da Geral do Maracanã

18.04.2005, Bruno Vicari
http://jovempan.uol.com.br/jpamnew/esportes/especiais/geral_maracana/

Ontem o Maracanã foi palco de mais um Fla-Flu inesquecível. Sete gols, uma virada histórica e quase 70 mil torcedores cantando. Mas certamente quem assistiu ao clássico pela TV sentiu falta de alguma coisa. A folclórica Geral do Maracanã, aquele lugar onde os torcedores ficam de pé, ao lado da linha lateral do gramado, estava vazia. Isso porque a FIFA exige que todos os torcedores tenham lugares marcados para se sentarem. Mas o que que o "Geraldino" tem a ver com isso? O torcedor que freqüenta a Geral não quer saber de ficar sentado. Ele que ir ao "Maraca" fantasiado. Quer ver o craque de perto. Quer levar a faixa com sua mensagem. Quer comemorar o gol bem perto do seu ídolo. Sem os torcedores da Geral, por melhor que o clássico seja, parece que o jogo fica sem alma, sem coração. Foi na Geral que Rondineli, zagueiro do Flamengo, ganhou o apelido de Deus da Raça. Pra lá que Romário correu após marcar o gol que levou a seleção à Copa de 94, nos Estados Unidos. Certamente não existiu lugar melhor no mundo para ver os dribles de Garrincha ou os elásticos de Rivellino. Abençoado foi o torcedor vascaíno que pôde ver da geral o chapéu e o gol de Roberto Dinamite no clássico contra o Botafogo. Mas no Fla-Flu de ontem, o lateral Roger, autor dos gols de empate e da virada do Flamengo, não pôde comemorar pertinho da nação rubro-negra. Os geraldinos, pulando, correndo e gritando, não estavam lá. No início da década de 70, trocaram a Concha Acústica do Pacaembu pelo atual Tobogã. Até hoje ela é lembrada com saudosismo, como marca do futebol romântico que já não existe mais no país. De uns anos pra cá, o torcedor carioca está proibido de freqüentar seu habitat, seu lugar de festa. Agora resta torcer para que daqui a alguns anos, a Geral do Maracanã também não vire apenas a lembrança do futebol alegre que existia no Brasil.

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