quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Em 2007, Maracanã volta a ser 'maior do Brasil'

10h36 06/09/2007


Com investimentos e boas campanhas, "maior do mundo" tem os melhores públicos do ano e do Campeonato Brasileiro.

Leonardo Velasco, especial para o Pelé.Net

http://noticias.uol.com.br/pelenet/revista/ult1334u1301.jhtm

RIO DE JANEIRO - Desde sua inauguração, o "maior do mundo" foi sinônimo de grandeza. Com os maiores públicos da história do futebol brasileiro, o Maracanã foi palco de jogos com arquibancadas abarrotadas. Depois de ficar "abandonado" por um tempo, o estádio parece estar voltando aos tempos áureos do passado.

Os números não deixam mentir. Todos os recordes de público deste ano aconteceram no estádio. Primeiro foi a final do Estadual do Rio, que levou 63.614 pessoas ao estádio para ver o Flamengo empatar por 2 a 2 com o Botafogo, e depois levar a melhor nos pênaltis.

Na Copa do Brasil, o Rio teve os três melhores da competição e os dois principais do ano. O confronto entre Botafogo e Figueirense, na semifinal, levou 64.114 pagantes. Também contra a equipe catarinense, mas na final, o Fluminense contou com o incentivo de 64.669 pessoas, mas apenas 63.557 pagaram pelos ingressos.

O Maracanã também é soberano no Campeonato Brasileiro, com os cinco melhores públicos da competição. Até a última rodada, 544.266 torcedores haviam comprado ingressos para ir ao estádio e o recorde é do jogo entre Flamengo e Sport, com 51.552 pagantes e 61.208 presentes.

A mudança é drástica, em relação até mesmo ao ano passado, quando o público no estádio jornalista Mário Filho já melhorava. Entre os dez melhores públicos do Brasileiro de 2006, apenas o sétimo, oitavo e nono foram no palco. A média foi de 13.833 pessoas por jogo, contra 22.678 deste ano.

As marcas de 2007, no entanto, ainda estão longe das antigas. O maior público do estádio aconteceu em 1969, na Eliminatória para a Copa do Mundo, quando 183.341 pessoas viram o Brasil derrotar o Paraguai por 1 a 0. Há relatos ainda de que na final da Copa de 1950 cerca de 200 mil torcedores estiveram no estádio, mas o registro oficial é de 173.850 pagantes.

No entanto, como houve a colocação de assentos nas arquibancadas, a capacidade atual do estádio passou a ser de 88.992 lugares.

"Eu acho que cada vez mais você pode dizer que voltamos aos tempos áureos. Mas isso depende muito do desempenho dos clubes. Os times são a razão do sucesso do Maracanã. Não é um burocrata ou político. Não consigo botar duas pessoas no estádio para me ver correr. A torcida vem pelos times e jogadores", afirmou Eduardo Paes, presidente da Suderj, órgão que administra o estádio.

Não é isso, porém, que pensa o presidente do Flamengo, Marcio Braga. O dirigente exaltou o trabalho de Paes e o Programa de Fidelidade lançado na última quarta e assinado pelo time rubro-negro e pelo Fluminense. Nele, os clubes se comprometem a jogar pelo menos 70% de seus jogos no Maracanã, tendo um custo mais baixo para isso.

"O Eduardo Paes é o melhor administrador que o Maracanã já teve. Ele está implantando um modelo inédito de gestão de estádios públicos. Isso também poderá ser feito, principalmente, em estádios do Norte e Nordeste do país", afirmou, contrapondo o relacionamento com as antigas administrações, pivôs de muitos conflitos com os clubes.

Entre os motivos para a mudança estão as obras feitas no Maracanã (que passou por uma reforma de R$ 196 milhões para o Pan, contando com a instalação de dois telões) e o bom desempenho dos clubes cariocas no ano (Flamengo e Fluminense já conquistaram títulos, e Botafogo e Vasco fazem boas campanhas no Brasileiro), além da paixão das torcidas.

"É um conjunto de razões. O investimento dos times, os torcedores e a transparência da administração. As coisas estão aparecendo. Antes, os torcedores investiam o dinheiro para vir ao jogo, mas não tinham nada em troca. Agora já tem mais conforto, são tratados melhor. Ainda falta muito, mas já melhorou", analisou o presidente do Fluminense, Roberto Horcades.

Entre as inovações do Maracanã, está um atendimento melhor, em especial às crianças. "Agora pintamos o rosto das crianças na entrada, temos brincadeiras, recepcionistas. É impressionante o número de crianças que tem ido aos jogos e como isto vem aumentando", disse Eduardo Paes, revelando uma preocupação.

"O problema é que assim aumenta o número de gratuidades, aumentam as críticas. Mas estamos sendo mais transparentes nessa divulgação e controlando mais as 'carteiradas'", assegurou. "Além disso, isso é um direito em todos eventos esportivos. Não é só no Maracanã", completou.

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