terça-feira, 13 de novembro de 2007

O emprego é nosso com a Copa 2014

BH já se prepara para receber um volume de turistas nunca visto na capital, com promessa de muitas vagas

HELENICE LAGUARDIA

http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=61572

A Copa do Mundo de 2014 é nossa e os empregos também. Quarenta mil vagas no setor de bares e restaurantes, quase 4.000 em hotéis, sem falar em outras 3.000 na construção civil em Belo Horizonte. O tempo parece distante; afinal, estamos há sete anos do mundial, mas as projeções de vagas temporárias e fixas já começam a delinear um quadro bastante otimista para diversos setores produtivos e de serviços em Minas Gerais.
O Estado deve ter um incremento de mais de 100 mil vagas a partir de maio de 2014. Mas a corrida pelo ouro dos postos de trabalho começa bem antes, em 2009. Fernão Silveira, coordenador de comunicação da Catho on-line, uma das maiores empresas de recursos humanos do mercado, afirma que a Copa do Mundo vai abrir oportunidades nos setores de infra-estrutura, transportes, instalações, na construção de quatro novos estádios e na reforma completa de outros 14 no país.
Quem está procurando emprego deve ficar atento aos seguintes setores: engenharia, infra-estrutura, estradas, rodovias, portos, aeroportos, hotelaria, turismo e restaurantes. Tradutor/intérprete, marketing esportivo, jornalismo com vagas de "free-lancers" (autônomos) terão recrutamento em 2013. A princípio, a Catho on-line não elaborou um plano específico para a Copa de 2014. "O aquecimento do mercado vai acontecer com a antecedência de um ano a um ano e meio para o início do evento", informa.
Efeitos paulatinos, com tendência de aumento contínuo. Esta é a previsão de Silveira em relação ao mercado de trabalho da Copa. A Catho on-line tem 244 mil vagas no Brasil inteiro nas mais diversas áreas. A empresa tem uma colocação média no mercado de 4.600 funcionários contratados pelo site. No setor hoteleiro, as contratações se iniciam em 2010, ancoradas no crescimento da economia. Silvânia Capanema, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih- MG), diz que as melhorias têm que começar logo.
"O fluxo de turistas que vêm antes e depois da Copa é muito grande", avalia. Ela acredita que a geração de empregos depende muito da economia de cada lugar e lembra da Copa da Alemanha, em que o país já estava preparado para receber o evento. Capanema está confiante de que Belo Horizonte vai aumentar os chamados "equipamentos urbanos" (hotéis, restaurantes, bares, avenidas e estabelecimentos prestadores de serviços em geral).
"Vamos receber 20 mil turistas na capital. Temos que ter infra-estrutura para essas pessoas", avalia. Ela explica que a capacidade de atendimento atual da cidade é de 5.000 pessoas. "O aumento nos meses da Copa é de quatro vezes mais do que recebemos na cidade", calcula, ao lembrar que Belo Horizonte nunca acolheu mais que 7.000 pessoas em eventos.



Mais trabalho também na Grande BH
A parte urbana da cidade não cresce, está toda ocupada, avalia a representante da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Silvânia Capanema. “Em Belo Horizonte, temos três hotéis fechados (Del Rey, Merit e Palmeiras), prontos para abrir em 2009. Um lote na Savassi não sai por menos de R$ 6 milhões. Em 2009, devem entrar em funcionamento mais dez hotéis na capital. Só a partir de 2011, dependendo da economia do Estado, devem ser construídos novos hotéis.”
A tendência de crescimento, acrescenta, é de boas pousadas, com investimentos de grupos internacionais em resorts na Grande Belo Horizonte. Engenheira arquiteta com formação em urbanismo, Capanema prevê que a reabertura de dez hotéis até 2010 deve gerar a contratação de 80 funcionários por estabelecimento, uma média de 800 empregos diretos. Na cadeia produtiva do turismo, existem 74 hotéis que passam pelo crivo da Fifa. Com isso, são mais 1.600 empregos diretos e indiretos, que incluem prestação de serviços e abastecimento desses hotéis.
Efeito dominó Serão necessários mais taxistas, guias, motoristas de ônibus, contadores, advogados, técnicos de computador, fornecedores de todo tipo de matéria- prima. “As pessoas que trabalham como representantes comerciais para fornecimento de material de cama, mesa e banho, além de intérpretes, serão contratadas.”
Para o engenheiro Ítalo Gaetani, proprietário de uma construtora na capital, serão necessárias obras de infra-estrutura no Estado, como a criação de vias de acesso, mas tudo vai depender das cidades que irão conquistar a categoria de subsedes dos jogos. “O efeito direto da Copa é fantástico, com impacto na economia, geração de empregos e construção ou reforma de estádios, como no Mineirão.” Ele destaca também investimentos nas áreas de comunicações, aeroporutária e nas obras civis. (HL)



Construção vai empregar 600 só no Mineirão
Teodomiro Diniz, presidente da Câmara da Indústria da Construção da Fiemg, diz não saber se Belo Horizonte será sede, mas a reabilitação do estádio do Mineirão criará 1.000 empregos diretos. “Isso é uma pequena parte do processo”, prevê. As obras gerais na cidade, prevê, vão gerar de 2.000 a 3.000 empregos em 2012. Operário com experiência e oficial de construção civil (marceneiro, bombeiro e eletricista), pedreiro de acabamento, engenheiro civil e elétrico terão mais oportunidades.
Os salários, de R$ 700 a R$ 800 mensais, devem balizar a construção civil. Marcos Salum, presidente do Sindicato da Construção Pesada (Sicepot), prefere não fazer previsões do total de vagas, mas garante a geração de emprego nas obras de infra-estrutura (melhoramento de vias de acesso, avenidas, vias de metrô, construção de estádios e reforma do mineirão).
“O estádio do Mineirão vai precisar de 500 a 600 trabalhadores para as reformas”, adianta. O setor da construção pesada é responsável pelo emprego direto de 50 mil funcionários em Minas e responde por cerca de 10% do PIB nacional. (HL)



Setor varejista deverá criar 30 mil postos
Os efeitos da Copa no setor varejista serão de 30 mil vagas a partir de 2009, prevê Fernando Sasso, gerente de pesquisa e mercado da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). “Depois da Copa, algumas vagas devem ser mantidas”, espera. Edilson Assis Duarte, 42, tradutor/intérprete há dois anos, é um candidato em potencial para as vagas que serão abertas durante a Copa do Mundo. Como autônomo, ganha em torno de R$ 2.000 por mês para um trabalho que envolve a tradução de até sete laudas por dia.
“A Copa para o nosso mercado de trabalho é muito interessante”, empolga-se. Ele diz que as pessoas da área de línguas têm que ficar atentas à oportunidade, embora seja um trabalho sazonal. Em Belo Horizonte, os textos são técnicos, da área de mineração, energia e temas gerais acadêmicos. Edilson era sócio de uma empresa de autopeças, mas sempre gostou de inglês e resolveu se dedicar. Está feliz com a mudança e acredita no mercado de tradução. (HL)



Domínio de mais de um idioma fará diferença
Paulo Nonaka, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais, diz que, na área de alimentação, existem 100 mil funcionários. Só de bares e restaurantes, são 12 mil na capital, a primeira colocada no ranking do país. O setor movimenta cerca de R$ 200 milhões por mês, com faturamento de R$ 2,5 bilhões por ano. “Na época da Copa, teremos um incremento de 40%, ou seja, 40 mil funcionários.”
As contratações, prevê, começarão um a dois meses antes da Copa. O funcionário para atendimento na rede de alimentação e entretenimento deverá dominar um ou mais idiomas. A qualificação deve ser buscada desde já, diz Nonaka, através de cursos personalizados para garçom (que deve aprender um mínimo de 50 frases em inglês). A Fifa trabalha com vários idiomas, mas o domínio do inglês, espanhol e francês é essencial. (HL)

Publicado em: 11/11/2007

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