terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Deserto infértil

Djalma Gomes, 04/02/2008

http://www.ecbahia.com.br/imprensa/opiniao/djalma_080204.asp

Em estilo provinciano e longe de qualquer senso profissional, o futebol baiano definha lenta e gradativamente, esvaindo-se sem rumo pelos becos escuros da ignorância de cérebros inférteis que insistem com os métodos antigos do coronelismo e das "eminências pardas", sem nenhuma noção de modernidade e completamente alheios ao clamor da razão.
Dirigentes de Bahia e Vitória quase sempre insensíveis às necessidades dos seus próprios clubes, apegados aos cargos e voltados apenas para as suas vaidades doentias, acham que é necessário a morte de um para que o outro sobreviva. Rivalidade à parte, isto é uma inversão de valores incrível! Acéfalos ao profissionalismo trocam "favores" com uma parte da imprensa, farpas com a outra, e acabam oferecendo à clientela um cardápio bem ao gosto dos coveiros desse pobre futebol.
Após a tragédia do dia 25 de Novembro último, abateu-se sobre o Bahia uma montanha de problemas, quase o caos, o que já era ruim ficou pior, e não tende a melhorar porque as mentes envolvidas com esse processo são de uma pequenez extraordinária. Antagonismo daqui, antagonismo de lá e a coisa vai ficando cada vez mais difícil. Fala-se até em amor pelas causas defendidas (seriam mesmo os clubes, esses?), mas o sentimento é de ódio, e liderança que é bom não há. Os cardeais do Bahia tem poder até de determinar fórmulas ortodoxas no estatuto do Clube, e no Vitória impera um sítio de pai para filho desde as "antigas", também ortodoxo. Democracia que é salutar tal qual o profissionalismo fica só na retórica dos dirigentes.
Apesar de tudo e independentemente de quem esteja eventualmente na sua direção, o Bahia é soberano. Não deve sofrer as conseqüências das retaliações pessoais direcionadas a esse ou aquele dirigente, ou ingerências políticas que possam prejudicá-lo. A mudança que todos desejamos é uma questão interna e depende do estatuto do clube, infelizmente para a torcida do Bahia. Mas tem esta: se os sócios remidos quiserem, mudam na época certa. Seria nesta direção que a "oposição" deveria seguir. Nenhuma autoridade governamental, ou mesmo do ministério público, tem poder legal para "rasgar" um estatuto e determinar uma intervenção. Não é a revolta da torcida que determina uma atitude assim, muito menos a intervenção do Governador do Estado, como gostariam os incautos.
Privar a torcida de ver o seu time, não reformando Pituaçú em tempo hábil para pressionar a diretoria, é o mesmo que matar de vez a instituição Bahia.

[...]

Ademais, a opinião dos torcedores só é levada em consideração até certo ponto... Torcedor não tem cunho legal para decisões internas dos clubes, não manda em nada desse sítio, não colhe uma fruta sequer, porque "eles" não deixam... torcedor pra esses "eles", é algo bem periférico. Mas não deveria ser assim, o Conselho que é o seu representante legal deveria ser a voz da torcida, mas os conselheiros dos clubes da Bahia são "eleitos" alguns por status, e outros para servir como marionetes.
Isto ficou bem claro na recente reunião de conselho do E. C. Bahia que é composto por 300 membros, quando apenas 75 dos 78 conselheiros presentes aprovaram o estatuto do Clube de acordo com a vontade da sua principal "eminência parda". Que apego desgraçado, mórbido, corrosivo e perverso que cega essa "Eminência" a ponto de não fazê-lo enxergar que é ele, com as sua atitudes de carrasco, que está acabando com o Bahia... que realidade dura essa do Bahia!.. que praga é essa que não tem cura no Bahia? Que esperança tem a geração mais nova de um dia ver um Bahia realmente grande? Que mal fizeram os meus filhos, proibidos que estão de ver um Bahia como eu já vi, outrora vencedor e realmente um Esquadrão de Aço?...

[…]

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