Folha SP: São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Ministério do Esporte aponta que realização do Pan-2007 facilitou a projeção de gastos de eventuais Jogos no Rio
Fato de a Fifa não ter definido quais cidades sediarão jogos do Mundial dificulta cálculo de valores para organizar a competição
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto uma edição carioca da Olimpíada de 2016 ainda é um sonho distante, já que a escolha da sede acontecerá só em outubro de 2009, o governo federal já projeta quanto gastará na competição: R$ 5 bilhões. Mas a conta da Copa do Mundo do Brasil, que ocorre dois anos antes, ainda é uma incógnita.
Não entra no cálculo do governo o que já é contemplado pelo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), como a reforma do aeroporto do Galeão.
Também os números dos investimentos do município e do Estado do Rio na Olimpíada de 2016 ainda não estão definidos, mas isso terá que acontecer até o começo do ano que vem, pois um orçamento fechado é uma exigência do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Segundo técnicos do Ministério do Esporte, a realização do Pan no Rio, em 2007, facilitou o cálculo de quanto custará aos cofres públicos a eventual edição dos Jogos Olímpicos de 2016 na capital carioca. Afirmam que o governo praticamente só precisou atualizar uma base de diversos gastos.
O fato de a Fifa ainda não ter apontado o número de arenas -deve ficar entre dez e doze- e quais as cidades que recepcionarão a Copa-14 é citado como dificultador para a produção de um orçamento.
A CBF diz que a Fundação Getúlio Vargas desenvolve um estudo que, ""muito em breve", precisará os custos da Copa. O anúncio das cidades-sede está previsto para março de 2009.
Para uma eventual Olimpíada em 2016, o governo federal trabalha com investimentos em quatro áreas: transporte, hotelaria, revitalização do centro e da zona portuária do Rio e instalações esportivas. Pelo cálculo da pasta, já estão erguidos 56% dos equipamentos necessários para os Jogos-16.
Sobre o Mundial, no entanto, a CBF salienta que ""nossa orientação é para que não seja utilizado dinheiro público na construção dos estádios".
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., pretende que a participação da iniciativa privada seja maior do que foi no Pan-07 -a competição foi praticamente ignorada pelo setor. Ele invoca a alternativa das parcerias público-privadas.
Um exemplo do discurso do governo federal em defesa das PPPs poderia ocorrer no setor hoteleiro, pois acredita-se que o Rio não conte com a capacidade necessária para acomodar profissionais e turistas que visitarão a cidade na Olimpíada.
A idéia da pasta é que a iniciativa privada erga edificações que, após serem aproveitadas nos Jogos, possam ser usadas como conjuntos habitacionais.
Também em relação à participação da iniciativa privada, a CBF vê vantagem no Mundial. Aponta que é mais fácil haver interesse de empresários em construir estádios, com ""renda garantida todas as quartas e domingos", do que instalações de natação ou de basquete.
Para cada uma das instalações que entrarão no dossiê de candidatura dos Jogos, diz o governo federal, há um estudo de sustentabilidade para que não seja construída uma manada de ""elefantes brancos".
Não foi isso o que ocorreu com dois dos legados do Pan, o parque aquático Maria Lenk e o Velódromo. O custo de sua construção beira os R$ 85 milhões. Ambos foram cedidos ao COB, que pagaria R$ 3.360 por mês. O comitê busca aprovar agora projeto de lei de incentivo fiscal para tocar as atividades nesses locais.
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