terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Protesto contra Lei Seca em dia de jogo

Cariocas se queixam e muitos continuam a beber nos bares da área do Maracanã sem serem vistos pelos fiscais

http://odia.terra.com.br/rio/htm/protesto_contra_lei_seca_em_dia_de_jogo_225609.asp

Rio - No primeiro dia de Lei Seca no entorno do Maracanã, ontem, torcedores e moradores da região protestaram contra a proibição, pela Prefeitura do Rio, da venda e do consumo de bebidas alcóolicas duas horas antes e depois dos jogos no estádio. O secretário municipal de Ordem Pública, Rodrigo Bethlem, acompanhou a operação de seus agentes, fazendo alertas a comerciantes e clientes. Em alguns bares, latas e copos de cerveja voltavam para as mesas tão logo as equipes da prefeitura saíam.

Apesar disso, balanço divulgado à noite dizia que a fiscalização “não registrou venda de bebidas e a delegacia da área não registrou ocorrências entre 15h e 19h30”. O jogo entre Flamengo e Friburguense começou às 17h. O principal alvo do ‘Choque de Ordem’ de ontem acabou sendo o comércio ambulante.

Fiscais apreenderam 546 camisas de time, 56 gorros, 110 bandeiras, 60 latas de cervejas, dois isopores com bebidas diversas, 20 empadas, 10 garrafas de suco, 7 pacotes de pipocas, 30 garrafas de água, 20 de refreco e uma cadeira. Além disso, 15 veículos foram rebocados — 13 carros por estacionamento irregular e duas vans por estarem sendo usadas para venda de comida.

O técnico em mecânica Marcelo Andrade, 30 anos, que bebia com amigos por volta das 15h, condenou a medida. “Em todos os lugares do mundo a bebida é liberada. A questão da violência independe da cerveja”, disse. Já os comerciantes Alexandre Martins, 22, e Moisés Silva, 22, apoiaram o decreto, apesar de não largarem os copos. “Eu nem sabia, mas achei bom. Dá para abrir mão da bebida no dia do jogo”, disse Alexandre.

Proprietário do restaurante Show de Bola, na Avenida São Francisco Xavier, Paulo Dantas se queixou ao ser abordado por Rodrigo Bethlem: “Meus freguês está almoçando e vai ter que tirar a cerveja da mesa. Isso é absurdo”. Após a advertência, o empresário vendeu as poucas latinhas de cerveja sem álcool que tinha. “Isso aqui não é bar, é restaurante. Com a proibição, vão deixar de freqüentar e vou deixar de vender comida.”

À noite, depois do jogo, o movimento nos bares foi fraco, e muitos estabelecimentos até fecharam as portas. Bethlem se disse “satisfeito” com o primeiro dia de Lei Seca. “Espero que vire rotina”.

APREENSÕES GERAM REVOLTA

Após ter as mercadorias apreendidas, o ambulante Ailton do Nascimento, de 35 anos, questionou a ação. “Sempre trabalhei duro. Se eu estivesse roubando estaria certo? Só quero ter o direito de trabalhar”. O prejuízo, segundo ele, chega a R$ 400. Outro que teve os produtos levados pelos agentes foi Wellington José, de 28 anos, que vende bandeiras de times na porta do estádio. “Como vou fazer agora? Ganhava cerca de R$ 600 por mês. Minha mulher não trabalha”, disse. A vendedora de cachorro-quente Berenice Pio Melo, 72, chorou ao ver sua Towner rebocada por agentes da CET-Rio. “Trabalho há mais de 10 anos com lanches e nunca passei por isso. Tenho quatro netos para sustentar. Vou viver de quê?

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