domingo, 22 de fevereiro de 2009

Hooliganismo precisa ser estudado e as medidas pensadas são, todas, inúteis

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Sempre que uma grande confusão em estádio de futebol acontece, tudo se repete. Polícia, maioria da imprensa e torcedores comuns, os da paz, demonstram total desconhecimento quanto ao fenômeno denominado hooliganismo.

Os ingleses não acabaram com torcedores violentos, apenas os afastaram dos estádios. Sabem que eles dificilmente deixarão de existir, o jeito é contê-los. E para isso é preciso entendê-los. Mas as ditas autoridades brasileiras parecem longe disso.

Há tempos que em território britânico os hooligans só se enfrentam em situações específicas, nos confrontos fora dos estádios, que sequer precisam acontecer em dias de jogos. No Brasil não tem sido tão diferente, até brigas são agendadas via internet, como sabemos.

Antes de chegarem ao atual estágio, na Inglaterra tentaram acabar com as facções que se parecem com as torcidas organizadas daqui. Não deu certo. Elas apenas mergulharam na clandestinidade e em alguns casos ficaram até mais fortes. O anonimato, o desconhecimento das lideranças facilitou tudo.

O caminho foi entendê-los e punir severamente quem de alguma forma brigar em estádio ou comprovadamente estiver ligado a grupos violentos de torcedores. Não por acaso o hooliganismo inglês hoje se manifesta eventualmente, quando a seleção da Inglaterra ou algum time sai do país para jogar e encontra policiais que não sabem como enfrentá-los.

Banir a torcida visitante é uma das propostas apresentadas em momentos como o atual, após a confusão de domingo no Morumbi antes e depois de São Paulo 1 x 1 Corinthians. Tolice. Os argentinos tentaram isso e desistiram. Na Inglaterra também não é assim. Se fosse solução, evidentemente teriam adotado tal medida.

Mas você perguntará, "por que tolice?" Ora, chega a ser ingênuo imaginar que organizações (sim, elas são mesmo organizadas) como Mancha (Alvi) Verde, Gaviões da Fiel, Independente Tricolor, Torcida Jovem do Santos, Camisa 12, TUP, Dragões da Real, Pavilhão 9, entre outras, simplesmente aceitariam o veto, civilizadamente.

Um dos riscos, óbvios, decorrentes de uma proibição de torcedores visitantes nos estádios é o de emboscadas armadas pelos que não puderem acompanhar o jogo in loco. Impossibilitados de comparecer, seja lá em que número for, evidentemente esses indivíduos não ficariam em casa vendo a partida pela TV sem tomar uma atitude. Uma atitude agressiva, claro. Mas se eles vão às arquibancadas é possível controlá-los, afinal, estão ali. Contudo, é preciso saber como fazer isso.

Outra proposta, de redução dos 10% para 5% dos ingressos para os visitantes é ilusória, parte de quem, nitidamente, precisa estudar mais profundamente o tema. Num universo de, digamos, 2 mil torcedores, ou mesmo mil, basta uma centena de elementos dispostos a tudo para um conflito de grandes proporções acontecer.

Aí você pergunta, qual a saída então? Policiamento treinado, bem treinado, qualificado, leis severas e punições duras. Decisões nesse terreno não podem ficar apenas nas mãos dos cartolas. Isso envolve segurança pública, vai muito além.

E aí temos um enorme problema. Em geral, os policiais brasileiros não sabem controlar muiltidões em estádios de futebol, a ponto de terem sido colocados para correr do anel inferior do Morumbi em 2005 por "Los Borrachos Del Tablón", os barra-brava (torcida violenta) do River Plate, momento antes do jogo com o São Paulo pela Libertadores — clique aqui para ver o vídeo.

O hooliganismo está na América do Sul, no Reino Unido, nos balcãs, na antiga "Cortina de Ferro". Conter tal fenômeno pautado pela violência não é fácil. É tarefa para gente especializada, que estude, se aprofunde no tema. Estamos longe disso, infelizmente.

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