Guerra dentro de torcida no Boca Jrs revela complexidade do hooliganismo

por Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br

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La 12 é a maior facção da torcida do Boca Juniors. No domingo a vitória sobre o Argentinos Juniors (3 a 0) foi marcada por manifestações de apoio a Riquelme, que não quer mais servir à seleção, e algumas de repúdio ao técnico nacional Diego Maradona pelo choque com o ídolo atual.
Mas antes de a bola rolar, a violência foi notícia. E continua sendo. Brigas e tiros aconteceram em Buenos Aires. Era gente do Boca contra gente... do Boca. O motivo: a disputa pelo poder em La 12, comandada há uma dúzia de anos por Mauro Martín.
O jornal La Nacion revela que a barra brava recebe 2 mil ingressos por jogo e 20 mil pesos mensais para despesas de viagens dos seus integrantes, que acompanham as partidas do Boca Juniors. Leia mais clicando aqui.
Não é só. O poder de quem lidera um grupo como La 12 é enorme, com trânsito dentro do clube e capacidade de articulação capaz de lhe proporcionar vantagens. Econômicas inclusive, claro.
Nos últimos anos, as manchetes argentinas foram, diversas vezes, destinadas à guerra pelo comando de Los Borrachos del Tablón, maior barra brava do River Plate. O auge da batalha aconteceu há quase dois anos, quando Martín Gonzalo Acro foi assassinado.
Ele era aliado de Adrián Rousseau, inimigo de Alan Schlenker na luta pelo comando da facção, uma das mais violentas do país. Tão agressiva que em 2005 seus componentes expulsaram a PM paulista do setor destinado aos fãs dos Milionários no jogo contra o São Paulo pela Libertadores.
No Brasil, Mancha Verde e TUP já brigaram em plena Rua Turiaçu, em frente ao portão principal do estádio do Palmeiras. No Rio de Janeiro, Força Jovem e Ira Jovem, que é uma dissidência da primeira, estabeleceram postura de rivais e já se enfrentaram nos arredores de São Januário. Assim como Raça Rubro-Negra e Torcida Jovem viveram momentos de enorme tensão e agora parecem curtir uma trégua.
Torcidas brigam até mesmo entre si quando à frente não estão torcedores e sim grupos que defendem interesses próprios. É assim no mundo todo. E ainda tem "autoridade" aqui no Brasil que defende a redução ou eliminação dos ingressos para visitantes como solução para tal problema. Ingenuidade? Desconhecimeto do problema? Um pouco de cada.