Torcedores envolvidos na confusão após clássico entre Sport e Santa no 1° turno estão participando de atividades educativas em dias de jogos do clube rubro-negro
http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/03/23/esportes9_0.asp
Eles estavam no meio de um grupo de torcedores acusados de se envolver em confusões após o clássico Santa Cruz x Sport, em 8 de fevereiro, pelo Campeonato Pernambucano. Detidos pela Polícia Militar, provavelmente não imaginavam, naquele momento, que a pena aplicada contra eles seria uma atividade educativa, pioneira no estado. Desde a última quarta-feira, 18 de março, 60 pessoas daquele grupo, todos membros da Torcida Jovem do Sport, vão à sede da Secretaria de Defesa Social, em Santo Amaro, para assistir a palestras e exibição de filmes.
Eles vão ao local todas as quartas-feiras à noite e domingos à tarde. Não por acaso, horários em que geralmente há jogos pelo Pernambucano. Durante 90 dias, não poderão ver partidas do time de coração. Estarão ocupados, participando das atividades. Preferiram essa opção a serem denunciados pelo Ministério Público e responderem processo, como vai acontecer com outras 42 pessoas também acusadas de se envolver nos distúrbios, que não compareceram à prestação da pena alternativa.
Nas duas primeiras vezes em que estiveram na sede da SDS, o grupo viu palestras, com a empresa Treinandos, especialista em treinamentos em segurança do trabalho, e com o pesquisador Felipe Moura, que falou sobre a lei 10.671/2003, conhecida como Estatuto do Torcedor. Ontem, assistiram a um filme, À Procura da Felicidade. Uma ficção norte-americana, mas com um conteúdo de paz e motivação em busca da realização de sonhos e objetivos pessoais.
"Vamos ainda realizar atividades bastante diversificadas, com oficinas de expressão corporal, debates abordando problemas sociais como o tabagismo. Eles têm participado bastante, questionando, comentando", conta Sandra França, coordenadora do programa Torcendo pela Paz, responsável pelo projeto com os torcedores, parceria entre a Secretaria Especial de Esportes, do Governo do Estado, e o Juizado do Torcedor.
Os frequentadores do projeto ouvidos pela reportagem concordaram que as atividades estão sendo bem proveitosas. Mas não deixam de questionar a razão de estarem ali."A gente não brigou, estava só passando pela rua. O pessoal do bar é que jogou garrafa na gente e a gente reagiu. Agora que já estamos aqui, vamos ver se aprendemos alguma coisa", disse um deles, que preferiu não se identificar.
Levantamento - Depois de comparecer aos trabalhos educativos durante três meses, o grupo estará liberado. Caso se envolvam em atos ilícitos nos próximos cinco anos, porém, não receberão mais benefício, sendo processados e fichados. "Nosso trabalho é voltado para a conscientização, a não-violência. O objetivo maior é educar", disse Diolinda Brandão, assistente-social do Juizado do Torcedor, que realizou um levantamento sobre o perfil dos torcedores punidos (ver quadro acima).
Saiba mais
Perfil dos torcedores que cumprem pena alternativa na SDS
Idade
18 a 21 anos 39 pessoas 66,1%
22 a 24 anos 16 pessoas 27,1%
Mais de 25 anos 4 pessoas 6,8%
Renda familiar
Até 1 salário 30 pessoas 50,8%
De 1 a 3 salários 6 pessoas 22%
De 2 a 3 pessoas 13 pessoas 10,2%
Acima de 3 salários 10 pessoas 17%
Ocupação
Desempregado 27 pessoas 45,8%
Empregado 15 pessoas 25,4%
Biscateiro 9 pessoas 15,2%
Não informou 8 pessoas 13,6%
Escolaridade
Analfabeto 1 pessoa 1,6%
Ensino fundamental 5 pessoas 8,5%
Ensino médio 23 pessoas 39%
2º grau completo 25 pessoas 42,4%
3º grau 5 pessoas 8,5%
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