sábado, 7 de agosto de 2010

Torcida se mexe contra lei mais dura

Organizadas, sem cumprir o novo estatuto, unem-se para modificá-lo

Folha de São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

GUSTAVO GROHMANN, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No primeiro final de semana após a sanção do novo Estatuto do Torcedor, as torcidas organizadas estiveram mais do que nunca no centro das atenções da polícia.
Segundo as normas que passaram a valer na última quarta, além de estarem vetados os cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos, qualquer atitude de um torcedor afiliado a uma torcida organizada será de responsabilidade dessa entidade.
"Agora os atos não são mais individualizados, e está errado. Não se pode culpar a torcida e o presidente por todas as coisas que acontecem dentro ou fora dos estádios", afirmou André Azevedo, presidente da Dragões da Real, organizada do São Paulo.
"Tem que punir a pessoa que cometeu a arbitrariedade e não a corporação. Ou, por acaso, quando um policial comete um crime a polícia é fechada?", questionou.
É com esse pensamento que palmeirenses, corintianos, são-paulinos e santistas estão unidos para ingressar na Justiça e tentar modificar, ao menos em parte, a lei.
"Estamos nos organizando para lutar contra essa parte do Estatuto do Torcedor. Mancha, TUP, Gaviões, Independente, Dragões etc.", disse o vice-presidente da TUP (Torcida Uniformizada do Palmeiras), que pediu para ser identificado como Litrão.
"Vamos juntos atrás dos nossos direitos para acabar com essa história de responsabilizar toda a torcida pela atitude de uma única pessoa", acrescentou ele.
Mas, se por um lado as organizadas se unem em busca de seus direitos, por outro continuam se agredindo verbalmente nas arquibancadas, desrespeitando descaradamente uma das novas normas do Estatuto do Torcedor.
"Independentemente de mudanças, sempre orientamos os novos associados a não incitarem a violência. Mas é complicado ter um controle sobre isso também. Muitas vezes um torcedor comum puxa um grito e o estádio todo canta. Mas a responsabilidade vai acabar nas nossas costas", afirmou Azevedo, da Dragões da Real.
Mas nem tudo no novo estatuto foi reprovado pelas torcidas organizadas.
Tanto Azevedo quanto Litrão gostaram muito da conduta mais dura em relação aos cambistas. "Aí, sim, eles acertaram. Tenho certeza de que isso diminuirá muito a falta de ingressos", declarou o vice-presidente da TUP.

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