terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Esquisitices invadem Estaduais

Folha de São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

Regulamentos dos campeonatos de 2009 estão repletos de erros, itens peculiares e desrespeito a lei

Não pagar os árbitros, por exemplo, pode resultar em derrota da equipe; mesma punição pode ser dada em caso de falta de ambulância

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ausência de médicos ou ambulâncias no dia do jogo pode ser mais prejudicial para a equipe do que o desfalque de seu artilheiro. Pelo menos é o que ocorre nos Campeonatos de Rio de Janeiro e Pernambuco, onde o time mandante perde por W.O nesses casos.
Esse é um dos itens peculiares ou inovadores inseridos nos regulamentos dos Estaduais.
A Folha analisou as regras de oito dessas competições que têm equipes da Série A do Brasileiro -apenas não obteve as normas da competição goiana. E não são só a ausência de ambulâncias -obrigatórias pelo Estatuto do Torcedor- que podem gerar perda de pontos.
No Paraná e na Bahia, falta de pagamentos a árbitros resulta em derrota da equipe mandante no jogo seguinte ou impedimento de seguir no torneio, respectivamente.
"Assim, não há inadimplência", contou o assessor da federação baiana Wilson Paim.
Já o Rio Grande do Sul pune com perda de pontos se um time fizer mais substituições do que o permitido. É função do juiz impedir o excesso de trocas, mas a federação gaúcha se preveniu após o problema ocorrer na base. "Nunca aconteceu no profissional. Mas ocorreu na sub-20, em torneio da seleção. Pode passar desapercebido. Neste caso, o juiz relata e vai para a Justiça Desportiva, que pode tirar os pontos", contou o diretor-técnico da FGF, Edir de Quadros.
O regulamento do Gaúcho ainda prevê que os times têm obrigação de filmar seus jogos. As imagens poderão ser usadas para defesa em julgamentos de caso de expulsões. Os vídeos das TVs servirão para minimizar a parcialidade nas filmagens dos clubes, disse Quadros.
Em Santa Catarina e Pernambuco, os cartolas prestam atenção à torcida. No Sul, são proibidas faixas que não tenham as cores ou símbolos da torcida local -o jogo pode ser suspenso neste caso.
Já o Pernambucano proíbe a torcida de jogar fogos artifícios, pedras e garrafas no campo. Parece óbvio -e previsto na legislação esportiva -, mas a federação quis se prevenir.
"Mantemos isso no regulamento. Porque o CBJD (código desportivo) ninguém lê. É coisa de advogados. Já o regulamento todo mundo tem embaixo do braço", afirmou o vice da Federação Pernambucana de Futebol, José Joaquim de Azevedo.
Também houve excesso de zelo em Minas. O regulamento deixa claro que todos os times começam com zero pontos.
"É um preciosismo. Já houve casos de times que acabaram o campeonato anterior com pontuação negativa, por punição da justiça. Os rivais já queriam que iniciasse o campeonato com menos do que zero", explicou o secretário-geral da federação mineira, Rodrigo Diniz.
Os mineiros ainda preveem R$ 10 como preço mínimo do ingresso. Mas, se um clube pede à federação, o valor pode cair. O Rio, por sua vez, só permite que um time suba para a primeira divisão se tiver disponível estádio com 10 mil vagas.

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